Por: Alan Henn*
De acordo com um balanço divulgado recentemente pela Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), o mercado livre de energia representa, atualmente, 41% da demanda total do país (em 2022, a participação era de 36%) e deve seguir avançando.
Para explicar esse crescimento, é preciso voltar ao mês de novembro de 2021, quando foi registrado o maior período úmido da história.
Na época, os reservatórios alcançaram níveis de armazenamento consideravelmente altos. No entanto, com a demanda nacional ainda contida, a oferta superou significativamente a procura, resultando em uma queda acentuada nos preços de compra de energia.
Como resultado, a partir de 2022, os preços atingiram um mínimo histórico. No entanto, esse não é o único fator que contribui para as expectativas de crescimento do mercado livre de energia nos próximos anos.
O crescimento do mercado livre de energia
Estruturalmente, o mercado livre de energia sempre entregou benefícios para seus clientes como, por exemplo, preços mais baixos e arcabouço regulatório bem definido. Quem faz a portabilidade também tem a possibilidade de optar por uma energia mais sustentável, sem precisar investir em usinas, painéis fotovoltaicos e obras desnecessárias. Dessa forma, há uma atratividade em termos de ESG (Environmental, Social and Governance).
Com a queda no preço de compra, o mercado livre de energia ficou ainda mais atrativo do que já era, do ponto de vista econômico, e começou a ser mais reconhecido a nível nacional. Por isso, as unidades consumidoras aumentaram.
Além disso, a abertura regulatória do setor, a partir de janeiro de 2024, contribuiu com esse crescimento. Até o final de 2023, havia um requisito mínimo de consumo, que ainda era bastante restritivo para a maioria dos clientes de energia do Brasil que não eram industriais.
Com o novo decreto, isso mudou e todas as empresas do grupo A passaram a ter o direito de realizar a portabilidade. Agora, padarias, prédios comerciais, condomínios residenciais, comércios locais, escolas, faculdades e outras organizações, que possuem em média 10 mil reais por mês de gastos com energia, já podem migrar para o mercado livre.
O mercado livre de energia deve registrar um novo crescimento no balanço de 2024. É possível que ele represente 45% da demanda nacional no próximo levantamento. Aliás, não será nenhuma surpresa se atingir até 50% em três ou quatro anos.
*Alan Henn é CEO e fundador da Voltera Energia.
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