Depois de um mês de julho, que em que todas as bacias hidrográficas de interesse do Sistema Interligado Nacional (SIN) apresentaram chuva abaixo da média histórica, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) avaliou medidas para assegurar o fornecimento de energia. Entre elas, autorizou o Operador Nacional do Sistema (ONS) a ampliar intercâmbio entre os subsistemas e para aproveitar os excedentes energéticos regionais.
A flexibilização dos critérios de transmissão de energia pode resultar em ganho adicional para o Sudeste/Centro-Oeste da ordem de 2.850 MW. O operador apresentou ao CMSE a proposta de flexibilizar os limites de intercâmbio do critério N-2 para N-1, de forma a permitir um maior escoamento do sistema de transmissão e, consequentemente, de disponibilidade de energia entre os submercados.
Na reunião realizada nesta quarta-feira, 4 de agosto, ainda foram aprovadas as cotas mínimas a serem adotadas para os reservatórios das hidrelétricas Ilha Solteira e Três Irmãos para setembro e a realização de estudos, relativos à permanência de flexibilizações hidráulicas nas UHEs Jupiá e Porto Primavera no próximo período úmido, e sobre a a flexibilização temporária da regra de operação do rio São Francisco.
Ainda sobre estudos, o CMSE indicou uma avaliação a ser realizada pelo ONS e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre as condições de atendimento eletroenergético na transição do período seco para o período úmido em 2021 e para o atendimento em 2022.
No segmento de consumo, o comitê solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a realização de estudos para incentivar os consumidores regulados, de forma voluntária, a reduzir o consumo de energia elétrica, em linha com o programa de resposta voluntária da demanda para grandes consumidores.
Ações na área de óleo e gás também foram deliberadas pelo comitê, como a disponibilização de um terceiro navio regaseificador, no terminal de Pecém, Ceará, possibilitando o fornecimento de gás para termelétricas, e a ampliação da capacidade do Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Baía de Guanabara, de 20 milhões para 30 milhões de m3/dia.
O CMSE ainda indicou o andamento de ações para ampliar o fornecimento de energia elétrica por meio de termelétricas a óleo diesel e gás natural. Ficam mantidos o despacho da geração termelétrica fora da ordem de mérito e importação de energia sem substituição a partir da Argentina ou do Uruguai. Segundo o comitê, tais medidas têm se mostrado fundamentais para a garantia da segurança do suprimento de energia elétrica no país no cenário atual.
Capacidade de geração e transmissão
O comitê está trabalhando na entrada em operação de novos empreendimentos de geração e transmissão. Neste ano, 2.305 MW de capacidade instalada de geração centralizada entraram em operação comercial, além de 1.898 MW de geração distribuída. Em relação às linhas de transmissão e subestações, foram incorporados 4.018 km de linhas e 13.561 MVA de capacidade de transformação.
Em relação à Energia Natural Afluente (ENA), em julho foram verificados valores abaixo da média histórica em todos os subsistemas. Considerando a ENA agregada do sim, em julho foram verificados valores próximos de 54% da Média de Longo Termo (MLT), o que corresponde ao pior julho do histórico de 91 anos.
No último mês, foram verificados armazenamentos equivalentes de 25,97%, 47,87%, 54,81% e 79,11% nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente, e a previsão para o fim de agosto nesses subsistemas é de 21,4%, 25,6%, 49,0% e 74,1% da energia armazenada.