Custo de energia é um dos fatores da desindustrialização brasileira, diz Feitosa

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

19/Fev/2024 19:23 BRT

O aumento da tarifa de energia é um dos principais motivos de desindustrialização do Brasil nos últimos anos, sendo uma das peças fundamentais a serem tratadas no processo de neoindustrialização. A afirmação foi feita pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, durante evento da Folha de S. Paulo.

“É fácil colocar subsídios, embutir na conta de energia elétrica e no final das contas o consumidor cativo pagar. O movimento de desindustrialização do país tem que ser visto sobre muitas perspectivas, e o custo da energia elétrica é um dos fatores. Existem questões tecnológicas e macroeconômicas, mas o custo da energia pode incentivar e desincentivar nossa indústria e definir se ela voltará a ser o que já foi”, disse Feitosa.

O diretor da autarquia ainda declarou que, atualmente, a indústria brasileira conta com uma capacidade instalada subutilizada e que precisará ser religada em breve. Para Feitosa, existe a necessidade de racionalização legal e regulatória do setor elétrico para discutir um novo pacote e retirar subsídios que não “precisam mais fazer parte da cadeia do custo da energia elétrica”, ou seja, da conta de energia.

O Congresso

No mesmo painel, Jerson Kelman, conselheiro das empresas Evoltz, Iguá e Orizon, aproveitou o debate para falar que os subsídios concedidos deveriam ter duração limitada, o que não ocorreu devido aos “lobbys” realizados pelo Congresso Nacional para promover uma tecnologia em detrimento da outra.

“Precisamos que o Congresso deixe de ficar aceitando um ‘toma lá, dá cá’ de interesses localizados e faça política”, disse Kelman, que relembrou as discordâncias em torno dos “jabutis” incluídos no projeto de lei da eólica offshore.

Segundo o executivo, o Congresso tem gerado distorções “gravíssimas” na governança do setor e está prejudicado o consumidor.

Rede de renováveis

Além dos custos, o diretor-geral da Aneel ressaltou que a entrada de cerca de 165 GW de projetos eólicos e solares até 2028 demandará aprimoramentos tecnológicos, que podem ser implementados por meio de sistemas de armazenamento.

“Temos um dilema sobre operação do sistema elétrico. Hoje, a tecnologia não permite usar a energia gerada em outro momento. A próxima fronteira tecnológica será dada pela produção de energia elétrica por meio de novas fontes e pelo armazenamento de energia. O Brasil é um dos países que tem um estoque de minerais e poderia ser um líder na produção de baterias”, afirmou Feitosa.