Com obras que devem durar 36 meses, iniciadas em outubro, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu em evento em Parintins, no Amazonas, que a “conta de luz vai baixar” com a linha de transmissão Manaus-Boa Vista, que vai conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“É redução na conta de luz dos brasileiros, uma Amazônia mais limpa e renovável para todas as brasileiras e brasileiros”, disse Silveira. O ministro assinou a ordem de serviço de R$ 2,6 bilhões para as obras do chamado Linhão do Tucuruí, e que deve beneficiar 500 mil pessoas, além de reduzir custos de R$ 1 bilhão por ano com a retirada do custeio de termelétricas da Conta de Desenvolvimento Energético.
Com a interligação ao SIN e implantação de fontes renováveis, será reduzida em 70% a geração térmica e 1,5 milhões de toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas.
As obras do chamado Linhão do Tucuruí foram retomadas em outubro de 2022, um mês depois do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) homologar um acordo judicial que encerrou as ações. No mesmo mês, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) reconheceu o Linhão de Tucuruí como sendo de interesse estratégico para o Brasil. Em 2021, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, chegou a participar de uma cerimônia de lançamento da pedra fundamental da linha de transmissão, ao lado de Bolsonaro.
A linha de transmissão Manaus-Boa Vista foi licitada em 2011 e vencida pela Transnorte Energia (TNE), que tem como sócios Alupar (51%) e Eletronorte (49%). O empreendimento deveria ter entrado em operação em 2015, mas sofreu problemas no licenciamento ambiental, incluindo diversas ações civis públicas.
A linha de transmissão que será direcionada à capital, Boa Vista, é continuidade do sistema que atravessa boa parte do Pará e Amazonas. A expectativa do MME é de que sejam gerados mais de 11 mil empregos diretos e indiretos com as obras, com previsão de serem concluídas em setembro de 2025.
Espera-se que a interligação reduza o montante da energia térmica gerada no estado, diminuindo os custos do suprimento de energia elétrica. Segundo estimativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), inicialmente, deve haver uma redução do custo variável de operação das termelétricas locais de R$ 200 milhões por ano.
Além da ordem de serviço do Linhão, o governo lançou o Energias da Amazônia, em conjunto com o relançamento do programa Luz para Todos. Estão previstos investimentos na ordem de R$ 5 bilhões para a transição de sistemas isolados que utilizam combustível fóssil na geração de energia elétrica.
O ministro Alexandre Silveira ainda convidou a primeira-dama Janja para ser a madrinha do programa Energias da Amazônia, “por toda a sua já demonstrada sensibilidade social e conhecimento do setor elétrico brasileiro”.
Decreto e obras
O presidente Lula também assinou no evento de interligação dos países da América do Sul, e autorizando a importação de energia da hidrelétrica Guri, na Venezuela.
A cerimônia desta sexta-feira, 4 de agosto, marcou a interligação de Parintins, Itacoatiara e Juruti, no Amazonas, ao sistema.
De acordo com o ministro, o objetivo do programa Energias da Amazônia é garantir a qualidade, segurança do suprimento de energia elétrica para população da região; reduzir a geração a partir de óleo diesel e a emissão de CO2; além da diminuição dos encargos do setor elétrico brasileiro que são pagos por todos os consumidores de energia elétrica.
Distante cerca de 700 quilômetros de Parintins pelo rio Amazonas acima (197 km em linha reta), o município de Itacoatiara também passou a ser atendido pela linha que liga todo o estado do Amazonas ao SIN.
Os números das duas cidades são parecidos. Ambas têm uma população aproximada em 100 mil habitantes e consomem aproximadamente 45 milhões de litros de diesel por ano. Em Itacoatiara, a rede possui 2.672 km e atende 20 mil residências. Para fazer a ligação, foram instaladas 349 torres, ao longo de 113 km de cabos.