A análise de medidas para o enfrentamento da crise no Rio Grande do Sul foi o principal tema do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE), que se reuniu nesta quarta-feira, 8 de maio, para a 291ª reunião ordinária. O despacho de termelétricas e a importação de até 570 MW a partir do Uruguai são exemplos de iniciativas que vêm contribuindo para a segurança do fornecimento de energia elétrica ao estado no cenário atual.
Durante a reunião, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou as medidas planejadas para garantir a retomada do atendimento às cargas do Rio Grande do Sul, quando for possível, a incluindo possibilidade de viabilizar a energização emergencial de uma linha de transmissão em 525 kV entre as subestações de Itá e Gravataí. Se esta alternativa for bem-sucedida, será um reforço no atendimento à região metropolitana de Porto Alegre e ao sul do estado do RS pelo sistema de 525 kV.
Outras medidas incluem manter a importação máxima do Uruguai e despachar a termelétrica de Canoas de 249 MW. Além disso, a termelétrica de Candiota, que está em manutenção programada, poderá injetar até 350 MW a partir de 31 de maio.
O boletim atualizado publicado ontem à noite pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que ainda há 422 mil clientes sem fornecimento de energia elétrica no Rio Grande do Sul, muitos ainda por problemas de acesso ou por danos às infraestruturas. A Subestação Nova Santa Rita continua desligada, enquanto a Subestação Porto Alegre precisou ter os transformadores desligados por uma inundação nas tubulações de cabos.
Segundo nota do CMSE, as medidas que são possíveis neste momento estão sendo realizadas e outras planejadas para implementação conforme o nível das águas se reduza, contando com equipes de prontidão.
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“O trabalho exigirá a avaliação minuciosa das instalações elétricas que foram afetadas de modo a promover os reparos necessários e proporcionar a energização, resguardando a segurança para a retomada do fornecimento”, diz nota.
As condições climáticas e de armazenamento dos reservatórios seguem sendo monitoradas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), Aneel, ONS, Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) também participou da reunião.
Informações das empresas de geração, transmissão e distribuição de energia estão sendo recebidas pelo governo federal, que coordena ações para garantir que o restabelecimento do suprimento a todos os consumidores de energia elétrica do estado do Rio Grande do Sul ocorra o quanto antes.
“As empresas do setor elétrico têm compartilhado infraestrutura e pessoal, visando mais célere restabelecimento do atendimento, além de donativos para o enfrentamento da situação de emergência. Todas as iniciativas estão sendo permanentemente acompanhadas pela Casa Civil da Presidência da República, que coordena ações em âmbito federal”, disse o CMSE.
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Condições de armazenamento e expansão
Na reunião, também foram avaliadas as condições de atendimento do Sistema Interligado Nacional (SIN). O ONS destacou que, mesmo com o oitavo pior período úmido já registrado em todo o histórico, foi possível atingir armazenamento equivalente nos reservatórios de mais de 75% ao final de maio. A expectativa é que, ao final de outubro, o armazenamento do SIN esteja entre 50% e 60%. Mesmo período em que se inicia a época de chuvas nas principais bacias hidrográficas do ponto de vista de geração hidrelétrica.
Ao final do mês de abril, foram verificados armazenamentos equivalentes a cerca de 73%, 72%, 79% e 95% nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente. Para o SIN, o armazenamento foi de aproximadamente 75%. No último dia do mês de maio, o armazenamento equivalente do SIN deve variar entre 76,2% da EARmáx, no cenário inferior, e 76,0% no cenário superior.
No caso da geração, a expansão verificada em abril de 2024 foi de 1.505 MW de capacidade instalada de geração centralizada e de 480 MVA de capacidade de transformação. Assim, no ano de 2024, a expansão totalizou 4.133 MW, além de 271,4 km de linhas de transmissão e 2.705 MVA de capacidade de transformação.
(Atualizado em 09/05/2024, às 9h40)