Gás natural

Brasil e Argentina assinam acordo para importação de gás de Vaca Muerta

Importação poderá ser de até 30 milhões de m³ por dia em 2030; custo previsto é entre US$ 7 e US$ 8 o milhão de BTU

Brasil e Argentina assinam acordo para importação do gás de Vaca Muerta
Brasil e Argentina assinam acordo para importação do gás de Vaca Muerta | MME

Os governos do Brasil e da Argentina assinaram um memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês) para viabilizar a importação, pelo Brasil, do gás natural não-convencional produzido na formação de Vaca Muerta, na Argentina.

O acordo tem como objetivo viabilizar a importação do gás no menor tempo e ao menor custo possível, aproveitando a infraestrutura já existente nos dois países, e para isso há cinco rotas em análise.

Duas delas já são discutidas há algum tempo pelo mercado. A primeira é a inversão do fluxo do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), para que o gás argentino passe pela Bolívia e chegue pelo Gasbol. Esta alternativa considera que os volumes de gás boliviano importado ao Brasil estão em queda, acompanhando a redução nas reservas do país vizinho. Em setembro, a estatal boliviana YPFB aumentou o gás direcionado ao Brasil, dando novo destino a moléculas que iam para a Argentina. 

Outro caminho para que o gás de Vaca Muerta chegue ao Brasil passa pelo Rio Grande do Sul, com conexão no município de Uruguaiana, onde há a rede da Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB). Para esta rota, entretanto, há a necessidade de expansão dos gasodutos nos dois países. Outras rotas a serem avaliadas pelo grupo de trabalho são a importação pelo Paraguai, pelo Uruguai e por meio de gás natural liquefeito (GNL).

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Considerando a infraestrutura existente nos países e a que deve ser construída nos próximos anos, o Ministério de Minas e Energia (MME) estima que já seria possível importar 2 milhões de m³ por dia no começo de 2025, chegando a 10 milhões de m³ até 2025 e 30 milhões de m³ por dia em 2030. As empresas envolvidas são a TotalEnergies, Plus Petrol e  Pan American.

O MME avalia que o gás de Vaca Muerta poderá chegar ao Brasil ao custo entre US$ 7 e US$ 8 o milhão de BTU. O MoU assinado pelos países tem duração inicial de 18 meses, mas poderá ser prorrogado. Ao final do prazo, a expectativa é que seja apresentado um relatório das atividades.

A demanda atual de gás no Brasil está entre 70 milhões de 100 milhões de m³ de gás por dia, segundo o MME. Dados de 2023 do Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural, elaborado pelo MME, mostram que no ano passado a demanda média para geração de energia térmica foi de 12,8 milhões de m³ por dia, e a demanda das distribuidoras foi de 51,9 milhões de m³ por dia. Já as refinarias utilizaram 9,1 milhões de m³ de gás por dia e as fábricas de fertilizantes tiveram demanda diária média de 1,3 milhões de m³. Assim, no último ano a demanda foi de 75,1 milhões de m³ por dia.