Óleo e Gás

Demanda global de GNL deve cair em meio à crise, aponta relatório da IEA

Demanda global de GNL deve cair em meio à crise, aponta relatório da IEA

A demanda mundial por gás natural deve diminuir ligeiramente em 2022 como resultado de preços mais altos e interrupções de mercado causadas pela invasão da Rússia à Ucrânia, afirma a última atualização trimestral da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). No ano passado a demanda de gás cresceu 4,5%.

De acordo com o relatório, neste ano ocorrerá uma demanda negativa de 50 bilhões de m³, crescimento menor que 1% no consumo global de GNL na comparação com a previsão do último relatório trimestral de 2021, e o equivalente a quase da metade das exportações de gás natural liquefeito dos EUA no ano passado.

Segundo a agência, em 2022 é esperado na Europa uma queda de 6% no consumo de GNL e na Ásia uma alta de 3%, ante 7% de crescimento em 2021. Regiões como as Américas, África e o Oriente Médio serão menos afetadas pela volatilidade, uma vez que dependem principalmente da produção doméstica de gás.

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No entanto, de acordo com a agência, ainda poderão ser atingidas por impactos econômicos, incluindo o aumento dos preços da comoditie, poder de compra reduzido e menor investimento de empresas, consequência da falta de confiança nos países

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Planos para reduzir dependência da Rússia

A invasão da Ucrânia pela Rússia adicionou mais pressão e incerteza a um mercado de gás natural já pressionado, especialmente na Europa. A guerra levou os governos da UE a procurar reduzir sua dependência das importações russas de combustíveis fósseis o mais rápido possível. 

Em março, a Agência Internacional publicou um Plano de 10 Pontos descrevendo um conjunto de medidas para reduzir o volume de importações de gás russo para a Europa em mais de um terço em um ano, mantendo-se consistente com as ambições climáticas da UE. No início de abril os países-membros da agência liberaram 120 milhões de barris de petróleo para evitar choque no mercado.

 

Preços

Os preços do gás no mercado de curto prazo também bateram recordes, uma vez que a pressão da Europa por uma oferta mais diversificada de gás natural intensificou a demanda por GNL. Os preços médios de GNL spot na Ásia, entre 2021-22 na temporada de calor, foram quatro vezes maiores que os média de cinco anos, enquanto na Europa, os preços foram cinco vezes maiores que a média de cinco anos, apesar do inverno ameno. 

Os preços também foram impulsionados pelas medidas da Rússia para reduzir as vendas de gás no curto prazo para a Europa, que deixaram os níveis de armazenamento europeus 17% abaixo da média de cinco anos.

“Embora a concorrência mais acirrada pelo fornecimento de GNL seja inevitável, enquanto a Europa reduz sua dependência do gás russo, a melhor e mais duradoura solução para os desafios energéticos atuais seria acelerar as melhorias na eficiência energética e acelerar a transição dos combustíveis fósseis para os de baixo carbono, incluindo gases de baixo carbono produzidos internamente”, disse Keisuke Sadamori, diretor de Mercados de Energia e Segurança da IEA.

A Rússia é o maior fornecedor de gás natural da Europa, atendendo a 33% da demanda da região em 2021, contra 25% em 2009.