Gás natural

Estudo da EPE traz avanços para reduzir assimetrias do gás, diz setor ceramista

Intensiva no consumo de gás natural, indústria cerâmica divulgou nota apoiando estudos da EPE

Indústria cerâmica é intensiva em uso de gás natural
Indústria cerâmica é intensiva em uso de gás natural | Foto: divulgação Anfacer

A Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos (Anfacer) e a Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer) divulgaram nota em que apoiam os estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre acesso e planejamento das infraestruturas de gás natural no país. O setor cerâmico é um dos que mais consome a molécula, e seus agentes têm sido pioneiros no mercado livre de gás natural.

Na avaliação das associações, um dos maiores entraves do setor de gás é a assimetria de informações. “Sem clareza sobre os custos reais de acesso às infraestruturas essenciais, novos players encontram dificuldades para ingressar no mercado, enquanto os investimentos são freados pela incerteza”, diz a nota.

A percepção é parecida com a da diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloisa Borges, em entrevista ao podcast MinutoMega: “A assimetria de informações impede que as decisões sejam tomadas ou faz com que elas sejam tomadas de forma subótima ou ineficiente”, disse.

“O transportador pode querer expandir a malha, mas não tem a absoluta certeza de quem vão ser seus clientes; a indústria que está precisando do gás não converte porque não tem certeza se vai ter aquele produto ou a que preço ele vai chegar. E aí o órgão regulador não aprova aquele projeto novo porque, sem ter a certeza de que aquela infraestrutura vai ser utilizada, pode estar gerando um desperdício para a sociedade. E às vezes o produtor lá no campo de produção pode decidir produzir gás em vez de reinjetar, se houver mercado”, exemplificou. 

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Na última semana, a EPE divulgou um estudo e duas notas técnicas, que entraram em consulta pública, sobre gás natural. Uma destas notas é sobre a metodologia para elaboração do Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano (PNIIGB), que surgiu com o decreto do Gás para Empregar e deverá subsidiar o desenvolvimento da malha no país.

Segundo Heloisa Borges, o plano tem como objetivo integrar as demandas dos elos de transporte, consumo e produção de gás, incluindo também o órgão regulador (no caso, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP), para dar sinais de mercado que facilitem tomadas de decisão com mais clareza e segurança. A diretora da EPE explica que o plano não será impositivo, já que os investimentos continuarão sendo dos empreendedores privados. “Então, se não fizer sentido em termos de modelo de negócio, as empresas não vão fazer [as indicações do PNIIGB]”.

A iniciativa recebeu elogios das associações da indústria cerâmica, que classificaram o estudo como “essencial para impulsionar o mercado e um avanço significativo na transparência dos dados”. Para as entidades, o plano poderá viabilizar um ambiente mais equilibrado e de preços mais previsíveis para que o gás natural impulsione a competitividade da indústria nacional.

“Mais que um simples diagnóstico, este estudo aponta para um novo modelo, mais moderno, dinâmico e alinhado às melhores práticas internacionais. O Brasil tem o potencial de se tornar um grande player global no setor de gás natural, aproveitando suas vastas reservas de maneira estratégica e sustentável. Para alcançar esse objetivo, a transparência e a segurança regulatória são fundamentais”, dizem a Anfacer e a Aspacer.

Além da consulta pública sobre o PNIIGB, a EPE recebe contribuições sobre nova metodologia de cálculo das tarifas de escoamento e processamento de gás natural, com o objetivo de chegar a uma tarifa “justa e adequada” que concilie retorno aos investidores e tarifas mais competitivas aos demais agentes. A EPE também divulgou estudo sobre a experiência internacional com o gas release.