
O preço médio do gás natural no Nordeste é 21,4% mais barato do que no Sudeste. No segundo trimestre de 2025, por exemplo, o preço da molécula ficou a R$ 76,60 no Sudeste, enquanto o Sul pagou R$ 73,27 e o Nordeste pagou R$ 63,10 por milhão de BTU. O levantamento é do Observatório do Gás Natural, lançado nesta segunda-feira, 25 de agosto. O grupo avalia que a vantagem é reflexo de regras estaduais mais flexíveis que ampliam o acesso e estimulam a concorrência.
Uma dessas regras seria o limite mínimo de consumo de 10 mil de m³ por dia para migração ao mercado livre. “Estes estados favorecem pequenas e médias empresas, enquanto outros com consumo mínimo elevado restringem o mercado”, diz o Observatório, que é uma iniciativa do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com apoio do Ministério de Minas e Energia (MME) e execução técnica do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV CERI).
O Observatório identifica uma “tendência clara” no avanço da abertura do mercado de gás, mas avalia que entraves logísticos, comerciais e regulatórios, principalmente a nível estadual, ainda desaceleram o movimento.
Uma abertura plena do mercado poderia gerar uma economia anual de R$ 21 bilhões, calcula o grupo. “Para destravar esse potencial, é essencial avançar na implementação da nova legislação, com regras claras e harmonizadas, ampliar a rede de gasodutos, investir em terminais de regaseificação e garantir acesso igualitário à infraestrutura disponível”, reforça o conselheiro executivo do MBC, Rogério Caiuby.
Números da abertura
Segundo o Observatório do Gás, o número de empresas autorizadas a comercializar gás natural cresceu em média 15% ao ano, chegando a 226 em agosto de 2025. Já os agentes autorizados ao carregamento na malha de transporte aumentaram 19% ao ano, totalizando 149 em agosto. No mercado livre, o número de consumidores livres cresce em média 70% ao ano, atingindo 74 em fevereiro de 2025 e 90 em junho de 2025.
A maior concorrência levou a uma desconcentração do mercado das distribuidoras. Desde 2021, a participação da Petrobras nos contratos de longo prazo com as concessionárias caiu de 100% para 69% ao fim de 2024, indica o grupo.
Apesar disso, a competição ainda não alcançou de fato o consumidor final, e os preços do gás continuam elevados. Segundo o grupo, a indústria brasileira paga em média R$ 43,65 a mais por milhão de BTUs do que nos Estados Unidos. Em 2021, essa diferença gerou um impacto de R$ 2,48 bilhões no Custo Brasil.