
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, avalia que corredores verdes de gás natural nas estradas podem substituir boa parte do diesel para transporte pesado no país – combustível que, em 2024, teve 12 milhões de toneladas vindas do exterior, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
“Temos cada vez mais veículos pesados movidos a GNL [gás natural liquefeito], que podem rodar longa distância”, disse Mendes durante o 12º Seminário Sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira, realizado pela FGV Energia no Rio de Janeiro. O secretário também mencionou que o incentivo ao gás natural deve ainda impulsionar a cadeia de biometano.
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No evento, Mendes lamentou que a demanda de gás natural se mantenha estável no país há anos e indicou que os custos de movimentação de gás natural são os responsáveis pela baixa competitividade do combustível. “Precisamos investir muitos esforços para uma melhor regulação do custo da infraestrutura, desde o escoamento, processamento, transporte e distribuição do gás, que é o que mais impacta e retira a competitividade do gás natural no Brasil”, declarou.
Pietro: ‘O consumidor brasileiro paga mais caro para ter uma matriz limpa’
Mendes registrou a grande participação de biocombustíveis no Brasil como um diferencial em relação a outros países do mundo, mas ponderou que os custos desta matriz energética mais limpa são pagos pelo consumidor, já que promessas de financiamento internacional para a transição energética não saíram do papel.
“O suporte que os países desenvolvidos dariam para os países em desenvolvimento nunca foi operacionalizado. Tudo o que o Brasil fez ao longo da história é financiado pelo consumidor, que paga mais caro pela energia para ter uma matriz energética limpa”, disse.
Ele comparou a situação com a de outros países, como os Estados Unidos, que durante a gestão do ex-presidente Joe Biden desenvolveu o Inflation Reduction Act (IRA), com financiamento público para a transição energética. “No caso brasileiro, não temos isso. Essa é uma preocupação”, reconheceu.
Reduzir emissões sem restringir oferta de petróleo
Apesar de reconhecer que, atualmente, o custo da matriz mais limpa é absorvido pelo consumidor, Pietro Mendes aposta em políticas de incentivo a biocombustíveis para que o Brasil possa continuar produzindo óleo e gás e consiga explorar novas fronteiras, como a Margem Equatorial.
O secretário mencionou programas do MME, como Combustível do Futuro e Hidrogênio de Baixo Carbono, como caminhos para incentivar a energia mais limpa no país. “Temos uma série de iniciativas que atacam a demanda por derivados de petróleo”, disse.
Assim, ele avalia ser possível avançar na exploração de novas fronteiras de óleo e gás, como a Margem Equatorial. “A nossa estratégia não é limitar a oferta de petróleo, até porque a gente pode ser grande exportador de petróleo e reduzir a demanda por derivados”, completou.