Para o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, a ausência da Petrobras no Segundo Ciclo de Oferta Permanente de Partilha de Produção, que oferecerá cinco áreas no pré-sal, não preocupa. O leilão contará com seis empresas, das quais cinco estão classificadas como operadoras.
“Não cabe a mim especular a decisão da Petrobras de não entrar, mas o fato é que temos outras empresas que são capazes de tornar esse leilão competitivo. Isso mostra que o Brasil não depende exclusivamente da iniciativa da Petrobras para fazer leilões, esperamos que seja assim, bem-sucedidos”, disse Saboia nesta terça-feira, 24 de outubro, em entrevistas a jornalistas durante o evento OTC Brasil, organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e pela Offshore Technology Conference (OTC) no Rio de Janeiro.
Na avaliação do diretor da ANP, ao não se qualificar para o leilão, a Petrobras foi mais transparente sobre sua intenção. “Já houve no passado um episódio em que a Petrobras entrou e não bidou no dia. Aquilo provocou susto. Agora, ela já mostrou claramente a sua intenção”, avalia.
O Segundo Ciclo da Oferta Permanente de Partilha de Produção vai leiloar as áreas de Esmeralda, Cruzeiro do Sul, Turmalina, Jade e Tupinambá. Com exceção de Turmalina, que fica na Bacia de Campos, todos os blocos ofertados estão na Bacia de Santos.
Estão qualificadas a participar da licitação as empresas BP, Chevron, Petronas, Shell Brasil e TotalEnergies, que estão classificadas como Operadoras A+, e a QatarEnergy Brasil, que está classificada como Não Operadora. Pelo edital, companhias classificadas como Não Operadoras somente podem atuar em consórcio. Já as empresas classificadas como Operadoras A+ podem operar nos blocos do pré-sal.
Investimentos de US$ 90 bilhões em 5 anos
Em seu discurso na abertura do evento, Rodolfo Saboia afirmou que a produção de óleo e gás brasileira deve saltar dos atuais 3,5 milhões de barris de petróleo por dia para mais de 4 milhões de barris de petróleo por dia em 2025. Segundo o diretor da ANP, a tendência é crescente até 2030, quando a produção deve atingir cerca de 5 milhões de barris por dia. Saboia também afirmou que o setor deve atrair US$ 90 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos, e que 20 novas plataformas devem entrar em operação no país até 2027.
No painel, Saboia ainda comentou os leilões de exploração. Ele mencionou os cinco blocos oferecidos na Segundo Ciclo da Oferta Permanente de Partilha de Produção e os 602 blocos em oferta no Quarto Ciclo da Oferta Permanente de Concessão – todos com garantia de oferta, o que, na análise de Saboia, indica um leilão competitivo. O diretor da ANP também informou que há mais 800 blocos aguardando diretrizes ambientais para serem incluídos no rol da oferta permanente, para próximos ciclos.