
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) avançou na discussão de estratégias para mitigar os impactos dos cortes de geração renovável (curtailment) no Nordeste. Na reunião realizada nesta quarta-feira, 12 de março, foi ainda informado que no dia 31 deste mês haverá uma reunião técnica do CMSE para discutir a governança dos modelos de formação de preço e operação do sistema.
Transmissão para minimizar cortes de geração
No dia 6 de março, uma reunião extraordinária do CMSE decidiu pela criação de um grupo de trabalho sobre o curtailment, que deverá coordenar ações, realizar diagnóstico, avaliar e propor medidas de planejamento, regulatórias e operacionais para mitigar cortes de geração renovável.
Na reunião ordinária de hoje, o CMSE reconheceu o caráter estratégico de três compensadores síncronos (equipamentos que aumentam a confiabilidade no fornecimento de energia) em subestações no Rio Grande do Norte. As instalações foram indicadas no Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (Potee) de 2024 e, com a decisão do comitê, ganham ainda mais prioridade no planejamento.
A previsão do governo é que as obras sejam licitadas no segundo semestre deste ano, e haverá “monitoramento diferenciado” da implantação com vistas à celeridade da operação comercial, já que são instalações importantes para reduzir os cortes de geração causados por limites na rede.
Amanhã, 13 de março, acontece o primeiro encontro do Grupo de Trabalho do CMSE sobre curtailment criado na semana passada.
Governança dos modelos computacionais
O CMSE informou ainda que dia 31 de março acontece uma reunião técnica para discutir a governança dos modelos de formação de preço e operação. A discussão foi antecipada pela MegaWhat no podcast MinutoMega.
>> Ouça o MinutoMega: PLD dispara e reacende debate sobre formação de preços e aversão ao risco
Até o ano passado, cabia à hoje extinta Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (Cpamp) definir mudanças nos modelos computacionais.
Agora, caberá ao CMSE tomar decisões estratégicas sobre os modelos, incluindo alterações nos níveis de aversão ao risco, mas ainda não foi estabelecida a governança desta função.
Segundo a nota do CMSE divulgada hoje, “em breve, o comitê definirá e divulgará critérios gerais, ritos e prazos para o desenvolvimento das atividades relacionadas ao assunto, a serem aplicados ordinariamente”.
Antes de ser extinta, a Cpamp deliberou em 2024 um aumento dos níveis de aversão ao risco dos modelos, além da implementação do Newave híbrido, que passou a considerar os reservatórios das hidrelétricas de forma individualizada na previsão de médio prazo. Na virada de fevereiro para março, a piora nas previsões de chuvas pesou mais que a situação dos reservatórios, e os preços subiram consideravelmente.
O CMSE confirmou as projeções hoje, citando as previsões do Operador nacional do Sistema Elétrico (ONS) que as afluências devem ficar abaixo da média histórica em todo o país em março.
Em fevereiro, foram verificados armazenamentos equivalentes de cerca de 69%, 54%, 80% e 93% no Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente. No SIN, o armazenamento foi de aproximadamente 71%. Ao fim do mês, no pior cenário, a expectativa é de 71,3%, 43,9%, 80,8% e 96,4% de armazenamento nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente.