Planejamento

Cortes na geração eólica e solar podem não ser suficientes para eliminar sobreoferta

GD deve chegar em 2028 como segunda fonte da matriz elétrica brasileira, com 42,2 GW de potência instalada

Solar em telhados / Crédito Celesc
Solar em telhados/ Crédito: Celesc | Celesc (Divulgação)

Com aumento da disponibilidade de energia solar e mudanças no perfil de consumo, a flexibilidade operativa do Sistema Interligado Nacional (SIN) tende a se tornar mais complexa. “Poderá ocorrer situações em que, já estando com os demais recursos de geração minimizados, o corte pleno nas gerações eólica e fotovoltaica centralizadas poderá não ser suficiente para eliminar a sobreoferta”, diz o Operador Nacional do Sistema (ONS).

O Operador acaba de lançar o sumário executivo do Plano da Operação Energética (PEN 2024), que avalia as condições de atendimento ao mercado para o horizonte de 2024 a 2028. O documento aponta que a amplitude de geração hidrelétrica já cresceu nos últimos anos, em uma tendência que tende a se acentuar em função da crescente participação da geração solar, centralizada e distribuída.

Quando considerada a projeção de crescimento das fontes renováveis, o PEN avalia que “a necessidade de cortes na geração eólica e fotovoltaica crescerá devido à sobreoferta no meio do dia, no pico de geração das fontes lastreadas em energia solar”. Como possível caminho para solucionar o problema, o ONS indica “investimento para que as distribuidoras consigam controlar o despacho dos recursos de GD conectados às suas redes, de forma coordenada com o ONS”.

O estudo sobre a flexibilidade operativa é uma das novidades do PEN 2024. Segundo o ONS, este tema ganha cada vez mais importância devido ao aumento da participação de fontes intermitentes no atendimento ao SIN, o que tem exigido maior flexibilidade das fontes convencionais, especialmente das hidrelétricas, que são mais controláveis e capazes de regular a potência disponível. 

Crescimento da geração intermitente

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Segundo o PEN 2024, a mini e microgeração distribuída (MMGD) deve chegar a 2028 com 42.258 MW de potência instalada, o equivalente a 17% da potência do Sistema Interligado Nacional (SIN). Isto representa um acréscimo de 15,7 GW na comparação com dezembro de 2023. A fonte solar deverá ter 22.343 MW em 2028, contra 11.212 MW em 2023. Juntas, a geração solar e a GD corresponderão a cerca de 64% da capacidade instalada em hídricas em 2028.

A geração eólica, que fechou o último ano com 28.500 MW de potência instalada, deve saltar para 34.737 MW em 2028. O SIN deverá chegar a 2028 com potência total de 246 GW, contra 215 GW em 2023. Pelo levantamento, a única fonte que reduz sua potência no período é a térmica, que passa de 24.737 MW para 20.767 MW.

Despacho térmico

Nos horários críticos do pior cenário avaliado pelo ONS, o PEN 2024 indicava que já haveria necessidade de despacho térmico adicional ao previsto para atendimento da carga a partir de agosto de 2024, com montante total de 1,7 GW médios.

Carga

Já a carga deve aumentar a um ritmo de 3,2% ao ano, atingindo em 2028 aproximadamente 89,3 GW médios, o que representa um aumento de 13,2% no período.

A carga a ser atendida por fontes despacháveis é da ordem de 25%.