Revitalização

Eólica offshore está entre alternativas para revitalizar a Bacia de Campos, diz estudo

Ineep divulgou estudo sobre novas possibilidades para a Bacia de Campos, que completa 50 anos de sua primeira descoberta de petróleo

FPSO Anita Garibaldi, que faz parte da revitalização de Marlim, na bacia de Campos
FPSO Anita Garibaldi, que faz parte da revitalização de Marlim, na bacia de Campos | Petrobras

Após a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, anunciar que a estatal avalia reabrir um poço na Bacia de Campos para aumentar a oferta de gás, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), criado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), divulgou estudo sobre novas possibilidades para a Bacia de Campos. Segundo o trabalho, o desenvolvimento de reservas conhecidas, a exploração para descoberta de novos reservatórios e a produção de energia por eólicas offshore são algumas das rotas possíveis para a região.

No trabalho “Diagnóstico da Bacia de Campos: Caracterização, desafios e possibilidades”, o pesquisador Francismar Ferreira aponta que o desenvolvimento do Projeto Raia, operado pela Equinor, possibilitou o aumento das reservas provadas (1P) de gás, que em 2023 estavam em 206 bilhões de m³, com crescimento superior a 200% em relação às estimativas de 2022. As reservas prováveis (2P) cresceram 175% no período.

Em óleo, em 2023, as reservas 1P da Bacia de Campos somavam 3,5 bilhões de barris, com aumento de 10,3% em um ano. As reservas 2P cresceram 3,7%, respectivamente, desde 2022. “A bacia ainda possui áreas com contratos de exploração em vigor que podem revelar reservatórios com potencial comercial”, diz o relatório.

O relatório levanta que há no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) 19 projetos de eólicas offshore na área da Bacia de Campos, totalizando 43,8 GW. Assim, a produção de energia renovável e de hidrogênio verde podem ser alternativas para revitalizar a atividade econômica na região.

Aumento no fator de recuperação

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O estudo também aponta como possível rota para a Bacia de Campos o desenvolvimento de novas rotas para aumentar o fator de recuperação dos reservatórios da região. Atualmente, o fator de recuperação da Bacia de Campos é de 15% – ou seja, apenas 15% do volume de óleo disponível na bacia é extraído.

No Brasil, atualmente, o fator de recuperação dos campos gira em torno de 20% e 30%, e a média é considerada baixa na comparação com parâmetros globais – na Noruega, por exemplo, a proporção é de 70%. “Nesse contexto, o desenvolvimento de técnicas e tecnologias visando aumentar o fator de recuperação dos campos da Bacia de Campos pode ser viável”, diz o relatório.

A Petrobras já trabalha na revitalização da Bacia de Campos, com investimentos de US$ 22 bilhões até 2028 e a instalação de novas FPSOs para substituir plataformas antigas. Segundo a estatal, só no campo de Marlim, 860 milhões de barris de óleo equivalente poderão ser adicionados à produção com os esforços de revitalização.

Apesar da adoção de plataformas mais modernas, o estudo do Ineep critica o fato de as FPSOs serem importadas. O trabalho também levanta as atividades de descomissionamento como rota para estimular a indústria nacional.

Primeira descoberta de petróleo há 50 anos e 20% da produção atual

Em 2024, a primeira descoberta de petróleo na Bacia de Campos completa 50 anos. Na formação, foram encontrados os primeiros grandes campos em águas profundas e ultraprofundas e, posteriormente, no pré-sal, embora atualmente as atividades do pré-sal estejam concentradas na Bacia de Santos.

Até a década de 2010, a Bacia de Campos foi a principal responsável pelo abastecimento e pelo aumento na produção de petróleo no país. O declínio da região se deu pelo amadurecimento natural dos campos e pela redução nos investimentos, sobretudo da Petrobras, que historicamente é a maior operadora.

O estudo do Ineep avalia que mudanças estratégicas da Petrobras, que passou a privilegiar retorno de curto prazo em detrimento a campanhas mais extensas, explicam a redução nos investimentos da região.

Entre 2018 e 2024, a Petrobras vendeu 22 de seus ativos ativos na Bacia de Campos, arrecadando R$ 31,8 bilhões. Alguns ativos que faziam parte da estratégia de desinvestimento, mas não foram vendidos, foram devolvidos à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Levanta-se a hipótese de que a estratégia da Petrobras, entre 2016 e 2022, foi buscar uma alternativa para não prosseguir com os projetos de revitalização dos ativos e, até mesmo, não avançar no segmento de descomissionamento. Essas funções ficariam sob a responsabilidade dos novos operadores dos ativos”, avalia o trabalho do Ineep.

Os desinvestimentos da Petrobras também possibilitaram a entrada de novas empresas na região – desde grandes multinacionais, como a Equinor, até empresas independentes, como a Prio.

Apesar de sua maturidade, a Bacia de Campos ainda é a segunda maior produtora de hidrocarbonetos no país. No primeiro trimestre de 2024, a região respondeu por 19,5% da produção nacional, com uma média de 855,2 mil barris de óleo equivalente por dia.

A Bacia de Campos também tem oito campos em desenvolvimento, ou seja, campos com descobertas em escala comercial que ainda não iniciaram sua produção: Espadim, Manjuba, Caxaréu e Mangangá operados pela Petrobras; Raia Manta e Raia Pintada operados pela Equinor; Wahoo operado pela Prio; e Maromba, operado pela BW Offshore.