O Ministério de Minas e Energia (MME) demandou ao Operador Nacional do Sistema (ONS) a elaboração de um plano de contingência que garanta a segurança energética no Brasil até 2026.
Para 2024, a principal preocupação é em relação à potência do sistema, enquanto para os próximos dois anos as medidas dependem do período úmido, que inicia entre os meses de outubro e novembro.
O mês de agosto terminou com armazenamento em 56% no submercado Sudeste/Centro-Oeste, situação mais confortável que no período de crise hídrica, em 2021, quando o nível ficou em 21%, e do ano anterior a ela, em 42%.
A MegaWhat apurou que uma das medidas que colaborou para a melhor condição do reservatório foi a redução das vazões das hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, no rio Paraná, a partir de abril.
A medida foi aprovada em reunião ordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em 6 de março deste ano, coordenando a redução das vazões mínimas defluentes da usina de Jupiá e Porto Primavera, para 3.300 m³/s e 3.900 m³/s, respectivamente.
Na oportunidade, o CMSE havia divulgado que a medida seria importante na conservação dos reservatórios durante o próximo período seco. Nesta terça, foi apresentado que os meses de junho, julho e agosto deste ano registraram o menor volume de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-oeste nos últimos 94 anos.
Com a piora nos reservatórios devido à seca, a expectativa é um acionamento de 70% a 80% das termelétricas, dentre outras medidas, para garantir segurança energética ao país.
Atraso ou período úmido ruim
Caso o período úmido tenha seu início atrasado, ou ocorra abaixo da média histórica, o plano de contingência apresentado para os anos de 2025 e 2026 ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prevê como primeira medida preservar a água na cabeceira dos reservatórios, reduzindo a vazão de hidrelétricas, assim como ocorreu em Jupiá e Porto Primavera.
Depois dos reservatórios, o plano prevê o despacho termelétrico antecipadamente, o fora da ordem de mérito. Na sequência, o governo estuda trabalhar nas restrições do Sistema Interligado Nacional (SIN), visando garantir maior recurso solar e eólico.
Como noticiado pela MegaWhat, em 2024, carta destinada ao secretário de Energia do MME, Gentil Nogueira, pelo diretor-geral do ONS, Marcio Rea, ressaltou que mesmo no pior cenário de vazões, com redução do armazenamento das hidrelétricas até o fim do ano, os critérios de atendimento de energia são cumpridos.
O atendimento aos requisitos de potência, porém, fica comprometido em cenários com demandas elevadas associadas a um baixo desempenho das eólicas e hidrologia desfavorável.
Ainda na reunião desta terça-feira, o MME declarou estar consolidando as contribuições recebidas em consulta pública do leilão de reserva de capacidade para iniciar os certames.
Contundo, o prazo para que o próximo leilão de reserva de capacidade aconteça ainda em 2024 está cada vez mais apertado. Quando o governo lançou a consulta pública sobre o tema, em março, a previsão era que o leilão aconteceria em 31 de agosto, mas o atraso na publicação das regras colocou em xeque sua realização ainda neste ano.