G20 no Brasil

G20 estabelece meta de triplicar geração renovável e dobrar eficiência energética

Em entrevista sobre conclusão do grupo de trabalho de energia, Alexandre Silveira adianta que PL do Combustível do Futuro será sancionado na próxima semana

Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 (ETWG, na sigla em inglês)
Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 (ETWG, na sigla em inglês) | Ricardo Botelho/MME

O Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 (ETWG, na sigla em inglês) estabeleceu a meta de triplicar a capacidade de energia renovável e de dobrar a taxa média global anual de melhorias na eficiência energética, por meio de metas e políticas existentes. Assim, o grupo almeja zerar as emissões líquidas de carbono “até, ou em torno de” 2050. Estes e outros objetivos do ETWG constam em declaração conjunta aprovada pelo grupo nesta sexta-feira, 4 de outubro, em Foz do Iguaçu.

A meta foi acordada na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP) 28, realizada no fim de 2023, por 118 países, mas não houve unanimidade entre os presentes. No ETGW, por sua vez, não havia consenso para assinatura de uma declaração de compromissos desde 2021.

Para triplicar a geração renovável, o ETWG avalia ser necessário aumentar a flexibilidade e a estabilidade dos sistemas, o que pode ocorrer por diferentes estratégias dependendo de cada país. Entre as trilhas indicadas, estão gerenciamento de demanda, retrofit de flexibilidade e expansão e modernização da infraestrutura de rede, backup e capacidades de balanceamento. “Enfatizamos a importância de acelerar a escala de implantação de tecnologias de armazenamento de energia, incluindo baterias e hidrelétricas de bombeamento”, diz o documento.

A declaração reconhece que a energia nuclear civil contribui com a meta de redução de emissões de gases de efeito estufa, e aponta a importância de “manter fluxos ininterruptos de energia de várias fontes, fornecedores e rotas”, com o objetivo de garantir a segurança energética dos países e a estabilidade do mercado.

Combustível do Futuro será sancionado na terça-feira, diz Silveira

Em entrevista coletiva após a conclusão dos trabalhos do grupo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também destacou o desempenho do país em biocombustíveis. Ele lembrou que, seguindo o projeto de lei do “Combustível do Futuro” (PL 528/2020), haverá mandato para diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), e que o PL também aumenta as misturas de etanol e biodiesel aos combustíveis fósseis.

Silveira adiantou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá sancionar o PL na próxima terça-feira, 8 de outubro. A informação foi confirmada por nota da assessoria do Planalto.

Financiamento

A declaração do ETWG reconhece que há desigualdades no panorama energético de países em desenvolvimento, e reforça que estas nações necessitam de especial apoio financeiro para avançar na transição energética e infraestrutura de energia. Por isso, os países do G20 se comprometem, na carta, a facilitar o financiamento de baixo custo para os países em desenvolvimento.

“Se não houver debate internacional e as premissas não avançarem como avançaram hoje, a transição pode se dar mais para recolonizar do que para incluir”, disse o ministro Alexandre Silveira a jornalistas.

Mesmo assim, o ETWG avalia que “a necessidade de catalisar e aumentar o investimento de todas as fontes e canais financeiros para superar o déficit de financiamento das transições” não é exclusiva dos países em desenvolvimento, e que há uma urgência comum em mitigar riscos e mobilizar e diversificar os investimentos em tecnologias e infraestruturas de transição energética.

O Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 foi liderado pelo ministro Alexandre Silveira. Neste ano, o Brasil é o anfitrião do G20.