As mudanças climáticas podem causar mais de 14,5 milhões de mortes e perdas econômicas globais de US$ 12,5 trilhões até 2050, segundo novo relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), publicado em meio a reunião anual realizada em Davos, na Suiça, nesta terça-feira, 16 de janeiro.
“Mudanças climáticas são uma emergência sanitária. Inundações, secas, ondas de calor, tempestades tropicais, incêndios florestais e o aumento do nível do mar serão mais comuns e terão efeitos significativos na saúde. O crescimento [dos eventos climáticos] é resultado do aumento constante das emissões de gases de efeito estufa”, afirmam Sam Glick, líder global de Saúde e Ciências, e Shyam Bishen, membro executivo do comitê do WEF, no relatório.
No documento, chamado de Quantificando o Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde Humana, Bishen destaca que, embora os países apresentem progresso nas ações e nas discussões sobre as alterações climáticas, todo desenvolvimento será perdido “a menos que as medidas críticas de redução e mitigação de emissões sejam melhoradas e que sejam tomadas medidas globais decisivas para construir sistemas de saúde resilientes e adaptáveis às alterações climáticas”.
Outros aspectos ligados aos fenômenos El Niño e La Niña também estão causando efeitos negativos e podem intensificar os fatores citados anteriormente. Em 2023, o El Niño elevou as temperaturas e causou secas em vários países, causando crise hídrica, problemas no setor de agrícola e aumento de episódios de ciclones tropicais.
>> ANA declara escassez no rio Madeira e medidas de mitigação para a bacia.
Em anos anteriores, a La Niña trouxe temperaturas mais baixas e aumento no número de afluências, levando a inundações e a furacões em inúmeros países.
“Esses fenômenos, que influenciam diversos setores, necessitam de monitoramento e de estratégias de adaptação para mitigar seus diversos impactos no ecossistema, na agricultura e mortalidade”, diz o relatório.
Fatores
Segundo o documento, na medida que as temperaturas da Terra sobem e aumenta os níveis de precipitações e do lençol freático, as inundações representam o maior risco de mortalidade induzida pelo clima, sendo responsáveis por 8,5 milhões de mortes até 2050.
“Atualmente, cerca de 40% da população global vive num raio de 100 km da costa, aumentando a sua exposição e vulnerabilidade ao aumento do nível do mar”, destaca trecho do documento.
As secas, indiretamente ligadas ao calor extremo, serão a segunda maior causa de mortalidade, com uma previsão de 3,2 milhões de mortes. As ondas de calor têm o maior impacto econômico, podendo resultar em perdas econômicas de US$ 7,1 bilhões de dólares até 2050, devido à perda de produtividade.
As mudanças climáticas também desencadearão um aumento de doenças respiratórios e epidemias, incluindo doenças transmitidas por vetores, que provavelmente terão impacto em regiões como a Europa e os Estados Unidos.
O relatório alerta ainda que as alterações climáticas irão consolidar as desigualdades globais na saúde, sendo as populações mais vulneráveis, incluindo mulheres, jovens, idosos, grupos de baixa renda e comunidades de difícil acesso, as mais afetadas. Regiões como a África e o Sul da Ásia enfrentam uma vulnerabilidade acrescida aos impactos das alterações climáticas, exacerbada pelas limitações atuais de recursos, infraestruturas e equipamento médico essencial.
Para reduzir os impactos das mudanças climáticas, o relatório estaca que empresas e governos devem reduzir as emissões de gases de efeito estufa imediatamente. Paralelamente, os governos e a área da saúde e da ciência devem se preparar para um futuro com desastres naturais e aumento de doenças.
“As mudanças climáticas podem ser implacáveis, levando a destruição, interrupções frequentes de energia e ao colapso da cadeia de abastecimento”, finaliza o documento.
Veja também:
As ondas de calor registradas no Brasil no final de 2023 trouxeram indícios mais concretos do impacto da emergência climática. Conheça a relevância das ações relacionadas à ESG para as empresa, clique aqui.