Transmissão

Mesmo com poucos leilões, transmissão segue um negócio atrativo em 2019

Mesmo com poucos leilões, transmissão segue um negócio atrativo em 2019

Depois da contratação de cerca de R$ 60 bilhões em investimentos novos em transmissão de energia entre 2016 e 2018, o governo realizou apenas um certame do tipo em 2019, envolvendo R$ 4,2 bilhões em novos recursos para o segmento. Ainda assim, o negócio de transmissão continuou sendo um negócio competitivo ao longo deste ano, se mostrando uma alternativa rentável e segura diante das taxas de juros historicamente baixas.

O leilão de transmissão realizado em 19 de dezembro teve o maior deságio médio da história, de 60,3%, e atraiu investidores tradicionais do setor de transmissão, como a Cteep – que levou os três lotes que disputou e foi o maior destaque do certame -, assim como novos entrantes e grupos financeiros.

As perspectivas para o segmento nos próximos anos continuam atrativas. O governo prevê realizar dois certames em 2020, envolvendo mais de R$ 11 bilhões em investimentos, e já se fala em dois novos leilões para 2021.

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Outros sinais também são positivos. O mercado de debêntures está aquecido e acolhendo novas emissões para financiar esses projetos, e os atrasos nas obras diminuíram consideravelmente desde 2016. 

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Segundo o Relatório Trimestral de Acompanhamento Diferenciado dos Empreendimentos de Transmissão, publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os atrasos atingiram o pico de 63,4% dos projetos licitados em março de 2017. Em setembro de 2019, data do estudo mais recente, os atrasos estavam em 32,9% das obras, envolvendo 137 empreendimentos. Por sua vez, 29,33% dos projetos estão adiantados.

Com o aumento da competição, os deságios nos leilões cresceram, e a antecipação das obras se tornou um diferencial para elevar as taxas de retorno.

Como os editais foram aprimorados antes da “virada” do setor, em 2016, os obstáculos nos processos de licenciamento têm sido superados pelos empreendedores. No início do mês, a Taesa comunicou que obteve as licenças prévias necessárias para construção de 591 quilômetros de linhas de transmissão no Rio Grande do Sul. O prazo previsto para a Aneel para as licenças era agosto de 2020.

Também neste mês, a Taesa obteve as licenças de instalação para uma linha de transmissão construída em parceria com a Cteep no Paraná, com 600 quilômetros de extensão. O prazo de conclusão dessa obra é agosto de 2022.

Financiamento barato

Além da antecipação de prazos (e, consequentemente, de receitas), outro fator importante para que os retornos dos ativos de transmissão sejam melhores é o financiamento. Os bancos de fomento BNDES e BNB ainda são alternativas buscadas pelas empresas, mas as debêntures de infraestrutura têm se mostrado opções de baixo custo para o financiamento, devido ao grande interesse de investidores que buscam novas apostas seguras e previsíveis por causa das taxas de juros mais baixas.

Apenas hoje, Alupar e Taesa anunciaram que concluíram a captação de mais de R$ 1 bilhão em debêntures para financiamento de longo prazo de projetos de transmissão de energia arrematados em leilões em 2016 e 2017, ao custo de IPCA mais 4,5%.

Juntas, Alupar e Taesa emitiram R$ 415 milhões em debêntures em recursos de longo prazo para uma linha de transmissão detida por uma joint venture de ambas. O ativo tem 236 quilômetros entre Minas Gerais e Espírito Santo e foi arrematada na segunda etapa do leilão de transmissão 13/2015, realizado em outubro de 2016.

A Alupar também comunicou hoje a conclusão da captação de R$ 530 milhões em debêntures verdes (“green bonds”), por meio da controlada Transmissora Serra da Mantiqueira (TSM), que é responsável pela construção e operação de uma linha de transmissão de 330 quilômetros entre São Paulo e Rio de Janeiro.

A Cteep informou hoje também que concluiu a emissão de R$ 409 milhões em debêntures, a um custo ainda menor, de IPCA mais 3,5%.

Fusões e Aquisições

O hiato de um ano sem novos leilões de transmissão não deixou o segmento parado em 2019. Sem a possibilidade de novos projetos greenfield, o mercado de fusões e aquisições foi movimentado.

Em abril, a italiana Terna adquiriu o controle de duas linhas de transmissão que somam 350 quilômetros de extensão em Minas Gerais da Construtora Quebec, ainda em construção, em um contrato de US$ 130 milhões. Em maio, a EDP Energias do Brasil comprou a Litoral Sul Transmissora de Energia, sociedade de propósito específico (SPE) constituída pela brasileira Brafer e pela chines CEE Power para operar uma linha de transmissão de 142 quilômetros entre Santa Caarina e Rio Grande do Sul. 

As operações foram frequentes ao longo do ano, e envolveram ativos pequenos ou grandes empresas. Em agosto, a Taesa fechou a compra da Rialma Transmissora de Energia 1, que opera a Linha de Transmissão (LT) Lagoa Nova 11-Currais Novos 11, no Rio Grande do Norte, por R$ 56,7 milhões. Em novembro, foi a vez de um negócio bilionário. O Pátria Investimentos vendeu a Argo Energia, seu braço de investimento em transmissão, para as empresas Grupo Energía Bogotá e Red Eléctrica Internacional, por R$ 3,5 bilhões. 

Também em novembro, a indiana Sterlite Power assinou contrato para venda de um projeto de transmissão em Pernambuco à Vinci Partners, em um negócio de R$ 141 milhões. No que parece ter sido a última operação do ano, a Sterlite vendeu outro projeto para a Engie Brasil. A franco-belga anunciou em 23/12 a aquisição do projeto Novo Estado, por R$ 410 milhões.

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