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Eletrosul e Engie lideram ranking de emissões de gases poluentes do SIN, aponta IEMA

Eletrosul e Engie lideram ranking de emissões de gases poluentes do SIN, aponta IEMA

As companhias Eletrosul e Engie foram as que mais emitiram gases poluentes em 2020 em proporção a energia gerada, de acordo com um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). O inventário, que usou como referências dados do Ibama de 2020, considerou a quantidade de toneladas de gás carbônico emitido para cada GWh produzido pelas usinas. No caso das líderes do ranking, para cada GWh gerado, foram emitidos mais de mil toneladas de CO2 equivalentes.

Segundo André Luis Ferreira, diretor-executivo do IEMA, mesmo com os dados não consolidados de 2021, é previsto um crescimento nas emissões em torno de 77%. “Já sabemos que o consumo vai aumentar. Agora vai entrar a lei de privatização da Eletrobras, que estipula mais 8 GW [em termelétricas], fora outras térmicas que foram recentemente licitadas nos leilões e ainda não estão em operação”, afirmou.

Os pesquisadores do Iema consideraram no estudo as participações acionárias das principais termelétricas do país. Detentora de 100% do controle acionário da usina termelétrica Candiota III, usina a carvão mineral com a maior taxa de emissão entre as usinas que forneceram energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN) em 2020, a Eletrosul foi responsável por 1.327 toneladas de CO2 equivalentes por GWh – mais que o dobro da média observada para o conjunto de empresas proprietárias de térmicas fósseis contratadas no sistema, de 608 tCO2e/GWh. 

Já a Engie Brasil Energia alcançou a também elevada taxa de 1.088 tCO2/GWh, uma vez que era proprietária, em 2020, de quatro das oito usinas a carvão mineral, combustível intensivo em carbono, do parque brasileiro: a Pampa Sul (Candiota, RS) e as plantas que compõem o conjunto Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo (SC). O complexo Jorge Lacerda foi vendido à FRAM Capital no fim de 2021.

Em entrevista coletiva, Felipe Barcello e Silva, pesquisador do instituto, ressaltou que o resultado das companhias pode ter mudado, já que os dados são de 2020 e o mercado é muito dinâmico. A lista das empresas com maiores emissões relativas inclui ainda EDP Brasil, Brantech Energia, CFL Geração de Energia, Aruana Energia, Usina Xavantes, Centrais Elétricas de Pernambuco, OZ&M e a Savana SPE. 

O pesquisador afirma que durante o levantamento para o estudo, a entidade passou por dificuldade para encontrar todos os dados. Apenas 41% das usinas inventariadas tinham dados consistentes e presentes, sendo que as demais estavam com lacunas ou com dados errados. “Perdemos quase 30 usinas sem dados lá, a essas informações são importantes para entender os impactos ambientais”, afirmou.

O estudo também avaliou as emissões concentradas de gases causadores de efeito estufa. Segundo os pesquisadores, 72,3% de todas as emissões vieram por cinco empresas: Petrobras (28,7%), Eneva (14,7%), Engie Brasil Energia (10,5%), Électricité de France – EDF (9,4%) e Eletronorte (9,0%).

As emissões totais de CO2e em 2020 também estiveram concentradas em poucas empresas. Das dez maiores emissoras, apenas três – Petrobras (24,9%), Engie (19,0%) e Eneva (15,2%) – responderam por 59,1% das emissões. Na sequência da lista decrescente de emissões absolutas, aparecem: Eletronorte (6,7%), Électricité de France – EDF (6,1%), Eletrosul (5,0%), EDP (4,6%), Neoenergia (2,9%), Rio Doce Energia (2,5%) e J&F Investimentos (1,8%). Dentre as 41, somente essas dez empresas são responsáveis por 88,8% das emissões, equivalendo a mais de 29 milhões de toneladas de gases de efeito estufa emitidas no ano de 2020.

Posicionamento da Eletrosul

Em nota, a Eletrosul afirma que desconhece o método de cálculo utilizado para as estimativas d Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) pela plataforma SEEG. 

Além disso, a companhia afirmou que, em 2020, a UTE Candiota lll alcançou 1.278.455 TCO2e, através do uso de carvão mineral a seco e de equipamentos para queimar o ativo de baixo NOx.

“A empresa ressalta, ainda, que a Termelétrica Candiota III busca continuamente melhorar o desempenho de seu processo industrial alinhado a metas de redução de emissão de gases de efeito estufa. Adicionalmente, a CGT Eletrosul esclarece que a eficiência da usina, conforme relatório preliminar da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 2020, foi de 34,69%, validada pela Aneel nos termos da Resolução Normativa 801/2017”, explicou a empresa.

Por fim, a companhia destacou que a Eletrobras publica anualmente o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, com os valores correspondentes a cada empresa subsidiária e UTEs próprias. O inventário segue a metodologia do IPCC (2006) e as diretrizes do Greenhouse Gas Protocol – GHG Protocol (WRI, 2004), sendo ainda auditado pela PricewaterhouseCoopers, empresa independente de auditoria.

Matéria atualizada nesta quinta-feira, 30 de junho, às 12h, para incluir posicionamento encaminhado pela CTG Eletrosul.