O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta semana os nomes indicados pela União para compor o conselho de administração da Petrobras. As recomendações preocupam a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados, já que alguns nomes são ligados à gestão de Jair Bolsonaro e ao mercado financeiro, o que pode impactar os processos de privatizações da companhia.
Todos os indicados ainda precisam ser aprovados pela assembleia geral de acionistas, agendada para abril. Dos sete nomes apontados pela União, quatro foram indicados por Silveira, entre eles, Pietro Adamo Sampaio Mendes, atual secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), para a presidência do conselho de administração da estatal.
Também foram indicados Carlos Eduardo Turchetto Santos, Vitor Eduardo de Almeida Saback e Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira. Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, também foi ratificado por Silveira.
Para Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, a aprovação das recomendações pode ocasionar em interferências no programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo possíveis mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da estatal e o fim das privatizações.
“O MME, de forma unilateral, elaborou a lista de nomes para o CA [conselho de administração] da Petrobras sem discussão prévia”, disse Bacelar.
Além disso, a FUP questiona se a indicação de Pietro Mendes pode ser suspensa, visto que atualmente ele ocupa o cargo de secretário de Petróleo e Gás do MME, sem respaldo na Lei das Estatais. Mendes já atuou na Agência Nacional de Petróleo (ANP) e foi secretário-adjunto do ex-ministro Adolfo Sachsida.
A federação também indaga a recomendação de Eduardo Turchetto, empresário do setor de açúcar e álcool, argumentando que o executivo responde a processo relacionado à destruição de floresta, com corte de árvores no bioma da Mata Atlântica, em Minas Gerais.
Vitor Sabak, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), também teve sua nomeação questionada pela FUP, já que trabalhou no Palácio do Planalto, como assessor de Relações Parlamentares durante o governo de Michel Temer. A indicação de Eugênio Teixeira também foi refutada pela entidade.
Os demais membros indicados pelo governo são: Wagner Granja Victer (indicado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos); Sergio Machado Rezende; e Suzana Kahn Ribeiro.
Suspensão de venda de ativos
Em vídeo publicado nas redes sociais, Deyvid Bacelar, afirmou que o MME acertou na decisão e que a pressão da FUP e da categoria petroleira “começaram a surtir efeitos”.
Para o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN), Ivis Corsino, a solicitação do MME é coerente e deverá ser acatada pela estatal.
“A companhia já foi um importante instrumento de indução do desenvolvimento econômico e social, nacional e local, com forte impacto na geração de riquezas. Nos últimos anos, entretanto, foi rebaixada à condição de mera produtora e exportadora de óleo cru.”, disse Corsino, em nota.
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