A Eletrobras (ELET3;ELET6) registrou lucro líquido de R$ 3,6 bilhões em 2022, 36% abaixo do resultado reportado no ano anterior. Segundo a companhia, o resultado foi impacto, principalmente, pelo crédito de liquidação duvidosa, que passou de R$ 1 milhão em 2021 para R$ 5 milhões no ano passado, com destaque para a provisão de R$ 3.348 milhões realizada pela holding à Amazonas Energia, dado o risco observado em função da manutenção da inadimplência dos instrumentos de confissão de dívida.
A empresa também contabilizou despesas derivadas do Plano de demissão voluntária (PDV) e sofreu impacto da deflação ocorrida no período, que resultou em uma redução de R$ 1,7 milhão nas receitas de transmissão, em especial naquelas reajustadas por IPCA e IGPM, de acordo com o ano de competência.
No quarto trimestre de 2022, segundo trimestre após a privatização da companhia, a Eletrobras reportou prejuízo de R$ 479 milhões, queda de 21,5% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior. O resultado também foi impactado pelas provisões de R$ 2,5 milhões relacionadas às perdas com a Amazonas Energia.
Houve ainda queda do resultado financeiro em R$ 946 milhões devido ao aumento das despesas financeiras com encargos de dívida, em função da consolidação da UHE Santo Antônio Energia, além das despesas financeiras (IPCA + encargos) de R$ 888 milhões referentes às obrigações junto à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e projetos de revitalização das bacias hidrográficas e Amazônia Legal (encargo de 5,67%), conforme estabelecido pela Lei nº 14.182/2021, como como condicionante para a obtenção das novas outorgas de concessão de geração de energia elétrica por mais 30 anos.
O Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 1,2 bilhão no 4T22, um recuo de 30,5% em relação ao 4T21.
Já a Receita Operacional Líquida passou de R$ 10,5 milhões no 4T21 para R$ 9 milhões no 4T22, uma redução de 14%. Neste caso, a Eletrobras informou que o resultado foi influenciado pela deflação do período (queda do IPCA e IGPM), o que foi mitigado, em parte, pela revisão tarifária do ciclo 22/23 de 17 contratos de transmissão.
A receita de geração teve um crescimento de R$ 337 milhões dadas as melhores condições hidrológicas. Dois outros fatores ainda foram apontados pela companhia para justificar o crescimento: consolidação da Saesa e seu esforço para a venda antecipada de energia disponível, por meio de contratos bilaterais em 2022.
“[isso possibilitou uma] margem de preço significativamente maior que o preço de mercado, mitigando a baixa do PLD. Esses ganhos foram compensados, em parte, pela redução das receitas na venda de energia importada do Uruguai (-R$ 964 milhões), no ambiente”, disse a Eletrobras.