O Brasil ocupa as primeiras posições entre os países com potencial mais competitivo de hidrogênio de baixo carbono e menor custo para sua viabilização, mas para atrair os investimentos internacionais e manter os recursos gerados no país, é necessário chegar até 2030 com dois a três grandes projetos, explica Thiago Barral, secretário de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME).
“Viabilizando grandes projetos e demonstrando que o Brasil é capaz de entregar projetos competitivos de hidrogênio nesse horizonte [até 2030], a nossa visão é que em 2035 o Brasil pode consolidar os chamados hubs, que são os polos de hidrogênio”, disse o secretário do MME em audiência pública realizada no Senado nesta terça-feira, 27 de fevereiro.
Para alcançar essa meta e atrair novas indústrias, tecnologia e conectar ‘hubs energéticos’, uma série de ações têm sido desenvolvidas no âmbito do Programa Nacional do Hidrogênio. Entre elas, foi priorizado pelo governo no segundo semestre de 2023 a ampliação de ofertas de financiamento para o segmento.
Em dezembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Mundial (Bird) celebraram acordo direcionado ao financiamento de soluções de hidrogênio de baixo carbono no Brasil, com potencial de beneficiar toda a cadeia produtiva. As instituições estudam linha de crédito de até US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) com o propósito de criar um fundo de riscos para apoio a esses projetos.
Antes dos grandes projetos, o governo prevê chegar até 2025 com um amplo número de plantas piloto e de demonstração espalhadas pelo país. Hoje são US$ 30 bilhões em projetos potenciais mapeados no Brasil.
“É claro que nem todos vão sair em uma tacada só. A própria Agência Internacional de Energia fez um levantamento global e identificou que de todos esses projetos anunciados no mundo de hidrogênio, menos de 10% efetivamente devem entrar até 2030, o que está muito alinhado com a nossa visão do tempo de maduração desses empreendimentos”, contou o secretário do MME.
Olhando para o financiamento, a estratégia do PNH é avançar em pesquisa, desenvolvimento e inovação, que seriam fatores primordiais para reduzir os custos dos projetos de em maior escala.
Barral ainda listou entre as ações necessárias para o desenvolvimento do hidrogênio a infraestrutura de transmissão de energia. O tema já foi incluído na agenda de estudos de planejamento e expansão da infraestrutura de transmissão no país, incluindo o atendimento aos hubs de hidrogênio como um dos temas prioritários.
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“Agora a gente está pensando sobre uma outra lógica, em que a mesma região que produz em grande escala essa energia renovável também é grande consumidora, e isso muda a forma do planejamento”, disse Thiago Barral.
Atenção aos subsídios
Falando sobre os desafios e barreiras ao desenvolvimento, Barral também apontou que o Ministério de Minas e Energia tem trabalhado no enquadramento dos projetos junto ao Regime Especial de Incentivo ao Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), redução e isenção tributária, debêntures de infraestrutura e fundos de financiamento.
“E aí eu peço muita responsabilidade nessa discussão (…) A gente tem que ter muita parcimônia, muito cuidado, para não colocar tuda nessa conta, que muitas vezes está se pleiteando, dentro da Conta de Desenvolvimento Energético, porque no final isso pode acabar virando um tiro no pé, isso se volta contra o próprio consumidor e contra a própria competitividade dos investimentos aqui no Brasil”, disse Thiago Barra aos parlamentares.
Segundo ele, é importante não pressionar ainda mais a CDE, colocando o subsídio no consumidor de energia para depois exportar para a indústria de outros países. Para isso, é importante garantir os “mecanismos de amarração” para que os incentivos efetivamente gerem riqueza, valor e emprego no Brasil.