O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com a Vale, aprovou a realização de chamada pública para selecionar um fundo de investimento para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de minas de minerais para transição energética, descarbonização e para fertilização do solo.
A chamada ocorre no âmbito da estratégia de investimentos em renda variável da BNDESPAR, holding focada em investimentos em empresas, via compra de ações, títulos e participações societárias, com foco em viabilizar e apoiar projetos em setores estratégicos para o país. O edital define que a BNDESPAR e a Vale irão subscrever cotas no valor mínimo de R$ 100 milhões e máximo de R$ 250 milhões cada, observado o percentual máximo de 25% de participação para cada uma no capital comprometido total do fundo.
Um fundo gestor ainda deverá ser definido, o que deve ocorrer até o início de outubro de 2024. O investimento será submetido à aprovação das alçadas competentes dos cotistas âncoras, com aportes a serem realizados conforme as necessidades do fundo de investimento.
Segundo as partes, além de estar em linha com as missões definidas pela Nova Indústria Brasil (NIB), a ação pode desempenhar um papel de catalisador de investimentos para alavancar recursos do setor privado e fortalecer o mercado de capitais nacional, enquanto estimula a produção de insumos fundamentais para a transição energética, descarbonização e a segurança alimentar.
Conforme informações do edital, as companhias alvo do fundo são as detentoras de títulos minerários ou de direitos sobre recursos minerais, direta ou indiretamente, para mineração de cobalto, cobre, estanho, grafite, lítio, manganês, metais do grupo da platina (pgms), molibdênio, nióbio, níquel, silício, tântalo, terras raras, titânio, tungstênio, urânio, vanádio, zinco, fosfato, potássio ou outros minerais para promoção de fertilidade de solo.
Serão elegíveis as empresas com sede e operações no Brasil, ou entidades com sede no exterior que detenham, no momento do primeiro investimento do fundo, ativos no Brasil que correspondam a 90% ou mais, e receita operacional bruta anual de até R$ 300 milhões.
“A Vale tem orgulho de fazer parte dessa iniciativa, que está alinhada à nossa visão de longo prazo sobre a relevância crucial dos minerais críticos para o crescimento econômico global de forma sustentável e diversificada. Este acordo reforça nosso compromisso de apoiar a exploração e produção de minerais estratégicos no Brasil e fomentar futuras parcerias”, afirmou o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.
Demanda por minerais
Em nota, o BNDES destacou que a demanda mundial por uma série de minerais considerados críticos está crescendo “vertiginosamente em um momento em que diversos países fazem a transição para tecnologias digitais e verdes. Para o banco, a mudança é impulsionada pela adoção de tecnologias energéticas de baixo ou zero carbono e eletromobilidade.
Citando projeções do Banco Mundial, o BNDES afirma que mais de 3 bilhões de toneladas desses minerais serão necessárias até 2050 apenas para as tecnologias de energia verde. No entanto, as atuais cadeias de suprimentos globais dependem principalmente de alguns países exportadores – China, República Democrática do Congo, Chile e África do Sul.
“A concentração geográfica das cadeias de suprimentos as torna suscetíveis a choques de mercado, eventos geopolíticos e interrupções logísticas. No Brasil, a elevada dependência de fertilizantes importados para a sustentabilidade do agronegócio levou o Plano Nacional de Fertilizantes ao objetivo de reduzir a dependência atual, da ordem de 85%, a partir de políticas e investimentos que promovam a produção de insumos fertilizantes no país”, diz a instituição financeira.
Na avaliação do BNDES, o Brasil tem um potencial geológico a ser explorado, com uma possibilidade de ser a “principal fronteira de investimento do setor e se posicionar estrategicamente como um parceiro e fornecedor com credibilidade para elevar os padrões sociais e ambientais do mercado global de minerais críticos para transição energética”.