Os eventos climáticos extremos enfrentados no Brasil, como as chuvas e enchentes do Rio Grande do Sul, não são reflexo da exploração de petróleo e gás no país, e sim do uso intenso de combustíveis fósseis em países da Europa e da América do Norte, que contribuíram historicamente com o desmatamento nos últimos séculos, disse a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
A ministra participou nesta segunda-feira, 3 de junho, da abertura da primeira edição da Conferência Internacional de Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), em Teresina, no Piauí.
Segundo a ministra, o Brasil ainda tem “gordura para queimar” em termos de exploração da matriz fóssil, porque, do ponto de vista do planeta, o país foi um dos que menos contribuiu com a situação emergencial enfrentada hoje.
Antes do evento, Luciana Santos participou de uma entrevista coletiva em que foi questionada se incentivar a exploração de petróleo em um momento de eventos climáticos extremos como o do Rio Grande do Sul não seria incoerente. Na resposta, a ministra rechaçou que o petróleo brasileiro seja responsável pelo cenário global, pelo contrário. Segundo ela, os países em desenvolvimento são os que mais sofrem os impactos “daqueles que não cuidaram das suas florestas”.
“Não é por conta do petróleo do Brasil. É por conta das florestas que foram dizimadas na Europa, que foram dizimadas na América do Norte. Essas, sim, são as principais responsáveis por o que acontece aqui de mudanças climáticas e eventos no planeta. Foram aqueles que nunca fizeram nenhum esforço para poder mudar a sua matriz energética”, concluiu a ministra.
O Brasil não pode abrir mão da exploração de seus potenciais naturais, uma vez que isso deixaria na mesa alternativas de diversificação da matriz energética e as vantagens significativas relacionadas a essas riquezas.
A exploração das reservas de petróleo na região da Margem Equatorial, segundo a ministra, não pode ser deixada de lado, “mesmo que ainda seja um combustível que precisa mitigar seus efeitos”, disse.
“O que temos que fazer é desenvolver a tecnologia para diminuir os impactos ambientais”, disse, lembrando que a Petrobras, por exemplo, já desenvolve uma tecnologia para reintrodução do CO2 para minimizar impactos ambientais nas suas atividades.