O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Rosatom estão elaborando um cronograma de trabalho para chegarem a um acordo de cooperação na área nuclear. Com previsão de entrega até o final de 2025, o cronograma deve incluir análises sobre o potencial da mineração do urânio.
A expectativa foi divulgada em nota da pasta de energia após reunião do ministro Alexandre Silveira com representantes da empresa. Segundo o MME, o Brasil possui a 7ª maior reserva de mineral no mundo e conhece apenas 26% do seu subsolo.
Silveira disse que o Brasil tem potencial para alcançar a terceira maior reserva de urânio no mundo, garantindo usos benéficos para a indústria, para os Sistemas Isolados e para o crescimento econômico e tecnológico brasileiro.
“Contamos com a experiência da Rosatom para uma cooperação positiva e equilibrada entre as empresas brasileiras e russas. Que nosso objetivo conjunto gere crescimento tecnológico robusto e seguro. Estamos dando início ao novo processo de estruturação da energia nuclear brasileira, uma energia firme e com baixo impacto ambiental”, disse o ministro.
Defensor dos pequenos reatores nucleares, Silveira destacou ainda o uso dos equipamentos para reduzir o custo com transmissão de energia elétrica.
“Podemos aumentar a segurança do atendimento em regiões com Sistemas Isolados. Para isso, é preciso acelerar a cadeia de mineração de urânio, desde a pesquisa, lavra e concentração até o desenvolvimento da cadeia energética com a produção de combustível nuclear”, completou Silveira.
Em declarações recentes, o ministro defendeu a necessidade de o Brasil desenvolver a cadeia nuclear para garantir a segurança energética e o desenvolvimento nacional e global nos próximos anos, com foco em atender demandas vindas de operações com inteligência artificial e dos data centers.
No início de novembro, Silveira defendeu a conclusão das obras de Angra 3 e o avanço da fonte para atender os centros. Anteriormente, declarou que a conclusão da usina precisa ser uma prioridade do governo.
Brasil e os Brics
As discussões entre os países ocorrem em meio a preparação do Brasil para assumir a presidência dos Brics, bloco formado entre Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia, em 2025.
No final de outubro, a operadora de data center da Rússia, BitRiver, fez uma parceria com o Fundo Russo de Investimento Direto para construir instalações de mineração e computação de IA em países do bloco.
A parceria visa expandir a participação da Rússia no mercado global de computação por meio da construção de data centers equipados para mineração de criptomoedas e centros de inteligência artificial.