(Com Camila Maia)
O leilão de privatização da CEB Distribuição, cujo edital pode ser aprovado este mês em assembleia extraordinária da Companhia Energética de Brasília (CEB), deve registrar forte concorrência entre grandes grupos de energia nacionais e estrangeiros com atuação no país, de acordo com a opinião de especialistas e analistas ouvidos pela MegaWhat. Além da Equatorial Energia, Neoenergia e EDP, que já sinalizaram interesse no ativo, outros potenciais concorrentes, segundo fontes do setor, são Enel, Energisa e CPFL. De acordo com a proposta da CEB, o leilão terá valor mínimo de R$ 1,4 bilhão.
“Haverá uma concorrência forte pela CEB Distribuição. Trata-se uma concessão localizada no núcleo do poder. Será uma briga entre bons operadores”, afirmou à MegaWhat um executivo do setor elétrico em condição de anonimato.
Na mesma linha, Roberto Brandão, pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, acredita em uma grande concorrência pela distribuidora do Distrito Federal. “É uma companhia com uma base de remuneração de ativos relativamente pequena para o porte da empresa. Há um potencial de eficiência muito grande”, explicou.
Na opinião do especialista, por ser uma distribuidora de menor porte, ela pode atrair mais interessados, por exemplo, do que a então Eletropaulo, adquirida pela Enel em 2018. Devido ao tamanho da distribuidora paulista, a disputa se concentrou basicamente entre o grupo italiano e a Neoenergia.
Na quinta-feira, durante o Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), o presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, e o diretor-presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, indicaram o interesse pela distribuidora do Distrito Federal.
“O grupo EDP está atento a essas oportunidades”, afirmou Setas, ao ser questionado sobre o interesse pela CEB Distribuição e a CEEE-D, do Rio Grande do Sul. Ruiz-Tagle, por sua vez, contou que a companhia olha oportunidades com atenção, “mas sempre respeitando uma política responsável de alocação de capital”.
Na segunda-feira, a Equatorial Energia já havia confirmado ter contratado o banco Santander para atuar como assessor financeiro da companhia na análise envolvendo o interesse da companhia em participar do leilão da CEB Distribuição.
Procurada pela MegaWhat, a Energisa informou, em nota, que sempre analisa oportunidades no segmento de energia, “tendo como premissas a alocação prudente de capital, a geração de valor para os acionistas, a prestação de serviço adequada aos clientes e a sustentabilidade do negócio no longo prazo”.
A CPFL, por sua vez, informou que sempre busca oportunidades de crescimento, “avaliando constantemente ativos que surgem no mercado”.
A italiana Enel também é tida no mercado como uma candidata natural para disputar a CEB Distribuição, pelo ganho de sinergia que pode ser obtido com a Enel Distribuição Goiás (antiga Celg D), adquirida pelo grupo em 2016. Procurada pela MegaWhat, contudo, a Enel informou que não comentaria o assunto.
“A Enel é a empresa que tem mais sinergia [com a CEB Distribuição] por operar a Celg. Mas o ativo é bom, então acredito que haverá muita disputa”, disse um analista do mercado, em condição de anonimato.
O processo de desestatização da CEB Distribuição é coordenado pelo BNDES. O banco é assessorado pelos consórcios BR/LMDM Power, formado pela BR Partners e LMDM Consultoria, e o Nova CEB, composto pelo Banco Plural, a sociedade de advogados Almeida, Rotemberg e Boscoli e a consultoria Thymos Energia