A taxa de juros muito alta no Brasil é um desafio adicional enfrentado pela Light, que se encontra endividada e com geração de caixa insuficiente para pagar os compromissos e apresentou um pedido de recuperação judicial na última sexta-feira, 12 de maio.
Segundo Charles Putz, membro do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), os juros altos, com a permanência da taxa selic em 13,75%, agravam as dificuldades da companhia não só para rolar ou pagar dívidas à medida que vencem, mas até mesmo para cumprir os pagamentos dos juros da dívida.
“A complexidade da situação é acentuada pela questão jurídica em torno do pedido de recuperação judicial. É incerto se a holding pode estender o pedido de recuperação judicial à distribuidora, um ponto altamente controverso. Além disso, há uma incerteza significativa em relação à renovação das concessões da empresa”, disse Putz, se referindo ao fato da recuperação judicial pleiteada ser em nome da Light S.A., a holding que controla as concessões de distribuição, transmissão e geração do grupo.
O especialista destacou ainda o desafio da Light na questão do roubo de energia no Rio de Janeiro, que vem se agravando ao longo do tempo. “A solução para este problema ultrapassa a esfera de atuação da Light, exigindo um esforço conjunto de várias partes interessadas”, disse.
Um agravante do caso da Light foi a atuação das agências de rating, que “parecem ter subestimado os riscos, atribuindo até recentemente notas de crédito elevadas à empresa.” Para Putz, o caso ainda verá desdobramentos, e existe ainda a preocupação sobre outras empresas que venham a enfrentar problemas semelhantes.