Uma vez concluída a incorporação da Cesp pela VTRM, joint venture formada pela Votorantim e pelo canadense CPPIB, a nova companhia terá “vocação” de crescer, tanto com projetos eólicos e solares quanto com hidrelétricas, disse Mario Bertoncini, presidente da Cesp, em teleconferência sobre os resultados da companhia.
O executivo, contudo, disse que neste momento de negociação da incorporação ele não poderia comentar sobre casos específicos. As declarações foram feitas depois de questionamentos sobre analistas a respeito da potencial compra, pela VTRM, das hidrelétricas Cachoeira Caldeirão (219 MW), Jari (392,95 MW) e Mascarenhas (198 MW) pela EDP Brasil. A companhia portuguesa anunciou a venda mas disse que não poderia informar o nome do comprador.
Bertoncini também foi questionado sobre o valuation da Cesp considerado na proposta de incorporação pela VTRM, e explicou que as premissas que serão divulgadas dependerão da decisão de um comitê independente criado na semana passada para conduzir o negócio na companhia. “Mas, a abertura integral do valuation prejudica muito as empresas objeto. Temos estratégia de comercialização, gestão, balanço energético, contencioso passivo e ativo, e abrir efetivamente ao mercado não seria adequado”, opinou.
Em relação à estratégia de comercialização de energia da Cesp, o executivo afirmou que a companhia segue trabalhando para diversificar sua carteira de clientes, com um processo criterioso e seletivo.
Para 2021 e 2022, a Cesp já adquiriu energia para cobrir suas posições e também as projeções de GSF. Neste ano, o balanço energético foi zerado ao preço médio de compra de R$ 243/MWh. Como a companhia comprou mais energia que o necessário, por conta de estimativas mais conservadoras, o excedente foi vendido a um PLD mais alto, o que reduziu o preço líquido de compra de energia a R$ 206/MWh.
A companhia uma visão positiva para o próximo período chuvoso e expectativa de que as chuvas melhorem e fiquem pelo menos próximas da média histórica, fazendo com que os volumes armazenados nos reservatórios se recuperem.
Laudo de Três Irmãos
A Cesp continua esperando uma decisão judicial a respeito da indenização pela hidrelétrica de Três Irmãos, devolvida à União em 2014. Em junho, o juiz pediu a manifestação das partes sobre o encerramento do período probatório, quando a Cesp respondeu requerendo uma sentença imediata. A União, contudo, pediu novo laudo ou laudo complementar, e a companhia agora aguarda o juiz, que decidirá se será aberto o período de julgamento ou nomeação de novo perito.
O último laudo apontou a indenização de R$ 4,7 bilhões, com valores de junho de 2012, sendo o montante de R$ 1,7 bilhão incontroverso.