O diretor-presidente da Enauta, Décio Oddone, avalia que o gargalo do gás no Brasil está na infraestrutura e na oferta. “O Brasil é um país que não consome gás como poderia. Há várias razões para isso. A falta de estrutura é uma delas, mas a falta de oferta também é. Somos importadores de gás”, disse o executivo na manhã desta segunda-feira, 18 de setembro, em entrevista à GloboNews.
Para Oddone, faltam reservas de gás em locais mais próximos ao mercado consumidor. “Exceto no pré-sal, onde a dificuldade de trazer gás pra costa é grande, a gente não tem oferta de gás em locais estratégicos. A Enauta está apostando na Bacia do Paraná”.
Adquirida em 2020, durante o segundo ciclo da oferta permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Bacia do Paraná é uma reserva onshore que fica próxima a grandes centros consumidores, como São Paulo e o triângulo mineiro.
Apesar do potencial do ativo, Oddone acredita que é importante para o país encontrar outras fontes do combustível. “[A Bacia do Paraná] é uma zona de fronteira, mas acho que precisamos encontrar outros reservatórios de gás”, disse durante a entrevista.
Perguntado sobre a questão da infraestrutura de gás no país, o diretor-presidente da Enauta avaliou que são investimentos que devem estar a cargo da iniciativa privada, mas que faltam empresas de midstream no Brasil.
Diante do impasse entre a Petrobras, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por conta do licenciamento ambiental na Foz do Amazonas – área considerada uma nova fronteira exploratória no país – Oddone evitou criar polêmica e elogiou o licenciamento ambiental “nas bacias tradicionais”.
Concluído último poço da fase 1 de Atlanta
Em comunicado ao mercado divulgado hoje, a Enauta informou que concluiu a perfuração e a completação do último poço do conjunto da Fase 1 de Atlanta, que compreendeu seis poços. A operação ocorreu dentro do prazo e do orçamento previstos.
“A conclusão de todos os poços produtores da Fase 1 do Campo de Atlanta representa importante marco no aumento da capacidade potencial de produção para 50 mil barris de petróleo por dia quando o FPSO Atlanta entrar em produção em meados de 2024 e na redução de riscos associados à implementação da Fase I”, disse a empresa na nota.
Nota atualizada às 9:24 para inclusão de informações sobre o Campo de Atlanta.
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