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Em nova fase global, GE encerra produção de aerogeradores com conteúdo local no Brasil

Em nova fase global, GE encerra produção de aerogeradores com conteúdo local no Brasil

Poucos dias depois de anunciar globalmente o nome da sua nova empresa de energia – Vernova -, a GE deu uma guinada em seus negócios ao anunciar internamente uma suspensão nas vendas de novos aerogeradores fabricados no Brasil enquadrados em conteúdo local. A notícia não chegou a surpreender o mercado, já que a companhia vinha perdendo mercado para suas principais concorrentes no setor de geração eólica do país, além de amargar margens negativas nos últimos trimestres devido à disparada do dólar e das commodities.

A informação foi publicada pelos veículos Brazil Journal e Mover, e posteriormente confirmad apela MegaWhat com a própria GE, que disse que compartilhou com seus funcionários na América Latina “um conjunto de ações relacionadas à transformação do nosso negócio de Onshore Wind Internacional que visam uma adequação à realidade atual do mercado, preparando o negócio para o futuro”.

O anúncio interno se referiu à uma “pausa” na venda de máquinas que se enquadram como conteúdo local, que permitem ao investidor obter financiamento em linhas de crédito incentivadas, como com o BNDES. A companhia tem assegurado aos clientes que manterá o cumprimento dos contratos vigentes, de entrega de novos equipamentos e de operação e manutenção de ativos.

Segundo fontes, o foco da GE no setor de renováveis será em projetos eólicos de grande porte nos Estados Unidos, onde há incentivos fiscais, e na Europa, onde a companhia fez uma aposta em projetos de geração eólica offshore. 

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Na teleconferência de resultados do segundo trimestre, o presidente da companhia, Lawrence Culp, chegou a falar em um redimencionamento das operações do braço de renováveis com uma abordagem mais “conservadora”, com a fabricação anual de 2 mil turbinas eólicas onshore e esforços focados em “geografias selecionadas” que a GE aposta que irão crescer e ser lucrativas.

No primeiro semestre deste ano, a GE teve prejuízo líquido de US$ 419 milhões no segmento de renováveis, um crescimento expressivo frente à perda de US$ 99 milhões registrada nos primeiros seis meses de 2021. O resultado foi pressionado justamente pelo segmento de eólica onshore, que sofre com o aumento dos custos causado pelos problemas na cadeia internacional. A redução gradual de subsídios fiscais nos Estados Unidos tem atrapalhado as novas encomendas, o que agravou a situação da companhia.

Outras fabricantes de aerogeradores têm passado por problemas semelhantes, como as atuais líderes no Brasil, Vestas, Siemens Gamesa, WEG e Nordex. As companhias tem cumprido os contratos no país, conhecido por ter eólicas com os melhores fatores de capacidade do mundo, e entregado as máquinas mesmo com margens negativas, na expectativa de que o repasse de custos aos novos contratos ajude a mitigar esse problema num futuro próximo, e o setor volte a navegar sem obstáculos.

No caso da GE, o contexto global da companhia também pesou na decisão, segundo fontes ouvidas pela reportagem. A companhia anunciou em 18 de julho que vai dividir suas operações em três companhias distintas. A GE Health Care será separada no início de 2023, e passará a ter as ações listadas na Nasdaq. Na sequência, no início de 2024, será a vez da GE Vernova, que vai incluir todos os ativos de energia da companhia, incluindo renováveis, digital, serviços financeiros e grid. A empresa restante passará a se chamar GE Aerospace, focada em aviação.