Quase um ano após a formalização da aquisição da distribuidora de gás natural do Espírito Santo, a ES Gás, o grupo Energisa fechou contrato de compra e venda de ações com a Infra Gás e Energia, empresa que deterá 51% das ações da Norgás – holding com participação em distribuidoras de gás canalizado em cinco estado do Nordeste. O valor do investimento total será de aproximadamente R$ 890 milhões.
Com isso, o grupo Energisa passará a ser acionista indireto não controlador da Cegás, Copergás, Algás, Potigas e Sergas, que oferecem o serviço de distribuição de gás nos estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe, respectivamente, que representam cerca de 13% do mercado não-termelétrico do país.
“O Nordeste é um dos locais do Brasil onde os efeitos dessa dinâmica tem produzido os melhores resultados em prol da competitividade do preço do gás natural, o que se torna ainda mais concreta com o aumento da produção local do projeto Sergipe Águas Profundas, que deve entrar em operação em 2028 e 2029”, disse Ricardo Botelho, CEO do grupo Energisa durante teleconferência nesta segunda-feira, 13 de maio, sobre a transação.
Segundo o executivo, desde a aquisição da ES Gás a empresa tem ampliado a sua percepção sobre o setor, dando segurança “de que essa mais nova avenida de crescimento faz, sendo construída com essa mais nova transação”.
A estratégia da empresa de diversificação no segmento de gás natural possibilitará a criação de um cluster regional com ganho de escala ainda não totalmente aproveitados.
“A região Nordeste tem elevado potencial de crescimento com baixa saturação, uma penetração no gás canalizado que é cinco vezes menor do que da área da concessão da Comgás, além de contar com reservas de gás onshore e offshore a custos bem competitivos e uma crescente demanda que vai exigir certamente mais infraestrutura de distribuição”, complementou Botelho.
A operação, expansão e os investimentos no mercado de gás natural
Com nove distribuidoras de energia elétrica, a Energisa pretende replicar o que entende ser um case de sucesso da privatização das distribuidoras de energia no setor de gás natural, ampliando investimentos e dando mais competitividade para a região.
Por meio da Norgás, a Energisa participará da gestão das distribuidoras de gás, sendo responsável pela diretoria técnica e comercial das empresas como a sócia-operadora, com a prerrogativa e a demanda de liderar o desenvolvimento do negócio pela proposição dos planos de desenvolvimento e investimento, da expansão da empresa e consequente gestão desses planos.
“E não se limitando à gestão do suprimento de gás e interface regulatória, mas na aquisição de novas contas e a experiência com os clientes, que são atividades típicas que a Energisa tem muita experiência”, disse o CEO do grupo Energisa.
A avaliação da Energisa é que as cinco distribuidoras estão subalavancadas, o que permite o rápido crescimento do capex da companhia enquanto se mantém uma política de distribuição de dividendos.
“O retorno financeiro regulatório é um bom indutor de investimento e acreditamos haver a possibilidade de otimizarmos as margens com investimentos prudentes, simultaneamente ao aumento do volume distribuído”, reforçou o CEO do grupo.
A Energisa vê a oportunidade de capturar sinergias por meio de um centro de serviço compartilhado, na padronização das práticas comerciais e operacionais, e se alavancar com a agregação de valor.
Para Ricardo Botelho, outro ponto relevante da operação é a possibilidade para explorar a comercialização de gás, em small scale, GNL, fazer a interiorização do atendimento e a estocagem em campos maduros, “oferecendo ainda mais flexibilidade para os clientes e reforçando a oferta por meio de um amplo sistema de soluções energéticas”.
Negociação
A conclusão da aquisição está sujeita à análise e aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A Infra Gás e Energia é a promitente adquirente das ações da Norgás, detidas atualmente pela Compass e ainda não liquidadas, o que deve ocorrer até 22 de julho de 2024.
A Norgás foi criada em outubro de 2023, a partir da cisão parcial da Commit, empresa controlada pela Compass e Mitsui, após processo de aquisição dos ativos da antiga Gaspetro.
O valor estimado de R$ 890 milhões já está ajustado até julho e constitui uma parcela a ser paga para a Compass e o saldo para os acionistas atuais da Infra Gás.