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Engie paga R$ 3,2 bi e leva parques solares fotovoltaicos operacionais da Atlas

A Engie Brasil Energia informou que fechou um acordo para comprar cinco parques de geração solar fotovoltaica da Atlas Renewable no Brasil, somando 545 MW em operação, por cerca de R$ 3,24 bilhões. O montante está dividido entre o preço de até R$ 2,269 bilhões, a ser pago ao GIP Helios II, fundo que detém a Atlas, além de R$ 971 milhões em dívidas que serão assumidas pelo novo dono. O banco Santander assessorou a transação do lado da Engie, enquanto o BTG Pactual ficou com o GIP.

Usina solar da Atlas Renewable Energy em Juazeiro
Usina solar da Atlas Renewable Energy em Juazeiro/Divulgação

A Engie Brasil Energia informou que fechou um acordo para comprar cinco parques de geração solar fotovoltaica da Atlas Renewable no Brasil, somando 545 MW em operação, por cerca de R$ 3,24 bilhões.

O montante está dividido entre o preço de até R$ 2,269 bilhões, a ser pago ao GIP Helios II, fundo que detém a Atlas, além de R$ 971 milhões em dívidas que serão assumidas pelo novo dono. O banco Santander assessorou a transação do lado da Engie, enquanto o BTG Pactual ficou com o GIP.

A Atlas foi fundada pela gestora de private equity Actis em 2017, com o objetivo ser o braço de energia solar fotovoltaica no Brasil e em outros países da América Latina. Em outubro do ano passado, a Actis vendeu a operação ao Global Infraestructure Partners (GIP), dono do do GIP Helios II.

Na ocasião, não foram informados valores da transação, mas reportagem da Bloomberg disse que o GIP tinha avaliado a Atlas em cerca de US$ 2 bilhões. Além do Brasil, a empresa tinha ainda ativos no Chile, México e Uruguai, chegando a um total de 2,3 GW, segundo informou o GIP.

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A transação

Segundo fontes, o GIP tem uma limitação na sua exposição cambial, e os contratos de energia dos projetos vendidos são todos em moeda local. Nos projetos restantes no Brasil e nos demais países em que a Atlas tem ativos, os contratos são dolarizados. A MegaWhat apurou que o processo de venda teve início já no início deste ano, uma negociação “pragmática” por parte do fundo que durou 10 meses, e o negócio atraiu propostas de diversos compradores, como as chinesas CTG e SPIC.

A Engie saiu em vantagem pelo seu porte – segunda maior empresa de geração brasileira – e pela sua estratégia internacional de expansão da carteira global de renováveis.

O negócio anunciado hoje envolve os parques solares Juazeiro, São Pedro, Sol do Futuro, Sertão Solar e Lar do Sol, que somam 545 MW de potência. Todos os projetos estão contratados, alguns (Juazeiro, São Pedro e Sol do Futuro) por meio de leilões de energia de reserva, com preços acima de R$ 400/MWh. Já o parque Sertão Solar foi contratado em leilão de energia nova, ao preço de R$ 181/MWh, e o Lar do Sol foi negociado no mercado livre. Há possibilidade de expansão de alguns dos projetos.

A negociação não foi complexa, e o maior desafio para a Engie foi o fato de que os projetos estão em três diferentes clusters. Os projetos de Juazeiro, São Pedro e Sertão Solar, de 120 MW, 54 MW e 90 MW respectivamente, ficam na Bahia. O Sol do Futuro, de 81 MW, fica no Ceará, e o Lar do Sol, de 200 MW, fica em Minas Gerais. Como a companhia tem um centro de operações centralizado, deve migrar a operação desses ativos para lá e ter ganhos de competitividade com isso.

Espaço para investimentos

Segundo a Engie, com a aquisição, a empresa garante energia contratada compatível com os retornos requeridos, o que tem impacto positivo nas margens Ebitda (sigla para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no longo prazo.

“A forma como conduzimos processos de aquisição é orientada por uma ampla análise de riscos, que leva em consideração os aspectos ambientais, sociais, de governança e da nossa disciplina financeira, tendo como objetivo a continuidade de geração de resultados positivos de forma sustentável”, disse, em nota, Eduardo Sattamini, presidente da Engie.

Até 30 de junho, a Engie tinha 8,1 GW em operação, sendo 78% da fonte hidrelétrica e 22% de fontes complementares (eólica, solar, biomassa e PCHs), além de 2 GW em projetos em expansão, das fontes eólica e solar fotovoltaica.

Já a dívida líquida da companhia estava em R$ 13,9 bilhões ao fim de junho, e sua alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado estava em 2 vezes. Com esse patamar, a Engie tem espaço para captar novos recursos e fazer frente à aquisição, caso isso seja necessário, já que a empresa tem muitos investimentos em execução atualmente em geração e transmissão de energia.

Outro ponto positivo para a companhia é o fato de que os parques estão operacionais e gerando caixa, o que ajuda a minimizar a pressão financeira da aquisição.

O fechamento da operação está sujeito a algumas condições precedentes, incluindo aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

(Atualizado em 30/10/2023, às 17h)

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