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Floen busca no mercado oportunidades para investir e acelerar transição energética

Enquanto novas tecnologias desenvolvidas para acelerar a transição energética, como o hidrogênio verde e a captura de carbono, ainda são hoje projetos muito no campo das ideias, a Floen, joint venture criada pela Votorantim com o fundo de pensão canadense CPPIB, tem como missão investir em empreendimentos concretos que "resolvam grandes problemas" ligados às mudanças climáticas.

Floen busca no mercado oportunidades para investir e acelerar transição energética

Enquanto novas tecnologias desenvolvidas para acelerar a transição energética, como o hidrogênio verde e a captura de carbono, ainda são hoje projetos muito no campo das ideias, a Floen, joint venture criada pela Votorantim com o fundo de pensão canadense CPPIB, tem como missão investir em empreendimentos concretos que “resolvam grandes problemas” ligados às mudanças climáticas.

A nova empresa já mapeou 17 oportunidades de investimento em negócios na área, incluindo hidrogênio verde em grande escala, biocombustíveis, mobilidade elétrica, materiais como plásticos e químicos e soluções climáticas, como armazenamento de carbono. A abertura do mercado livre de energia também traz oportunidades na área de tecnologia, por exemplo.

“Olhamos oportunidades em gestão de carbono, porque acreditamos que não há transição energética sem emissões. Até mesmo net zero não é zero emissions, vai precisar existir um mercado global de crédito e gestão de carbono”, disse a CEO da Floen, Raphaella Gomes, à MegaWhat. Iniciativas ligadas à eficiência energética também terão espaço na nova empresa.

Segundo André Macedo, diretor de Investimentos da Floen, o objetivo do novo veículo é investir em empresas que estejam trabalhando no desenvolvimento de soluções ou produtos nesta linha. A Floen, porém, não vai funcionar como um fundo private equity. “Não nos vemos só aportando capital, temos mais a oferecer. Temos visão de longo prazo, podemos trazer governança, ajudar com potenciais mercados consumidores, clientes”, disse o executivo.

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Essa não é a primeira parceria entre CPPIB e Votorantim, sócios que têm parcerias na área, com destaque para a Auren Energia, antiga Cesp. Nesse caso, a empresa foi montada em cima do que tinha sido uma das maiores empresas de energia do país, com diversas heranças, incluindo dívidas com fundos de pensão e um quadro de colaboradores envelhecido. A Floen é o oposto disso. Atualmente, são oito funcionários, contando com Gomes, que foi diretora de transição energética na Raízen e presidiu a Raízen Geo Biogás, e Macedo, que está no grupo Votorantim desde 2018.

A companhia começou a ser concebida em outubro de 2021, quando a Auren incorporou os ativos da Cesp, contou André Macedo, que na época era gestor de portfólio da Votorantim. Raphaella Gomes chegou em janeiro, e a empresa foi oficialmente lançada em fevereiro, com um time montado e um escritório ainda em fase de “adequações”. Embora seu plano estratégico ainda esteja sendo concebido, a empresa não está “parada para investir”, e continua olhando oportunidades “concretas e reais”.

Com uma estrutura independente, a Floen tem seu próprio conselho de administração, composto por representantes do CPPIB e da Votorantim, e com a perspectiva de entrada de membros independentes por boas práticas de governança.

O desafio, nesse momento, está em fazer um filtro diante de tantos negócios que buscam espaço na agenda da transição energética, e focar em oportunidades concretas. O time da empresa está mapeando os potenciais negócios. “Vamos sempre olhar eventos de transição energética e soluções climáticas, mas deveríamos ter focos maiores de atuação, com centros de gravidade em alguns segmentos de atuação”, disse Macedo. Segundo ele, a ideia não é “se fechar” nesses segmentos, mas ter foco para viabilizar os negócios.

A ideia é que novos negócios sejam anunciados em breve, mas sem um prazo para isso. “Dizer um prazo seria temerário, porque pode ser que apareça um ótimo negócio em breve, e pode ser que apareça um que demande mais tempo. Vai depender da complexidade da transção, e estamos preparados para rodar”, disse Gomes.

Os sócios da Floen não informaram qual o valor do aporte na nova empresa, mas a CEO da empresa explicou que, pelo tamanho do CPPIB e da Votorantim, há flexibilidade para “investimentos significativos”, com potencial para entrada em empresas que já passaram do estágio inicial de desenvolvimento, com modelos de negócio mais maduros e que precisem ter o crescimento acelerado. A Floen poderá ser minoritária, controladora, ou desenvolver soluções do zero.

Também estão na mesa oportunidades que “alavanquem” os acionistas, como negócios envolvendo a Auren Energia, por exemplo. A produção de hidrogênio de baixo carbono esbarra no desafio da certificação, devido à necessidade de uma fonte de energia limpa e estável. Como a Auren tem na carteira diferentes fontes com complementariedade, poderia ser parceira num projeto do tipo.

Empresas do Grupo Votorantim intensivas em carbono, como a Cimentos e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), também poderão ser clientes da Floen nas áreas de eficiência energética ou gestão de carbono, embora nada esteja definido. “Não vamos investir para a Votorantim, vamos investir em empresas que possam ter empresas da Votorantim como clientes. Pode ser sinérgico, alavancar a Votorantim e gerar negócios para essas empresas”, explicou Macedo.

Outra possibilidade é trazer para o Brasil modelos de sucesso de investidas dos sócios, como o da Octopus, que tem capital do CPPIB, e está transformando o varejo de energia no Reino Unido. A Floen avalia trazer tecnologias comprovadas de fora, desenvolver algo similar aqui, ou fazer parcerias.

“Um dos motivos da Floen não estar em Nova York ou Londres é o fato de que acreditamos no Brasil, que deve e será protagonista dessa história”, disse a CEO.

(Atualizado em 04/04/2023, às 12h)