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Investimento em renováveis da Petrobras vai respeitar 'lógica empresarial', diz Chambriard

Em sua primeira entrevista coletiva como presidente da Petrobras, Magda Chambriard afirmou que a estatal continuará investindo em renováveis, conforme previsto no Plano Estratégico da Estatal de 2028. Segundo a executiva, essa é uma questão a ser “encarada”, mas “respeitando a lógica empresarial”.

Investimento em renováveis da Petrobras vai respeitar 'lógica empresarial', diz Chambriard

Em sua primeira entrevista coletiva como presidente da Petrobras, Magda Chambriard afirmou que a estatal continuará investindo em renováveis, conforme previsto no Plano Estratégico da Estatal de 2028. Segundo a executiva, essa é uma questão a ser “encarada”, mas “respeitando a lógica empresarial”.

“A questão das renováveis vem com uma lógica negocial associada a um custo de oportunidade, em um mundo que está olhando para o net zero. Esse custo é intangível, tem valor empresarial e atrai financiamento mais baratos. A gente tem tradição nesse ramo [energia renovável], nossa matriz é renovável. Refuto que a energia renovável dê prejuízo, o mundo quer isso”, disse a presidente.

De acordo com executiva, a empresa tem “grandes” investimentos voltados net zero, em especial na captura de dióxido de carbono, na produção de renováveis, em derivados de petróleo verde e tem feito esforços na direção do hidrogênio. 

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“Tudo isso está no colo das empresas de petróleo e da Petrobras. Vamos investir na diversidade de fontes, isso que vai garantir o futuro”, falou Chambriard.

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Exploração de petróleo

A executiva abriu a sessão de perguntas destacando que a prioridade de sua gestão será acelerar as atividades de exploração de petróleo para repor as reservas da estatal, tendo em vista a possibilidade de ocorrer um pico seguido por um declínio no pré-sal a partir de 2030. Na avaliação da executiva, o movimento deve garantir a segurança energética do país e será o foco da sua gestão para que a companhia mantenha seus lucros de forma crescente.

“Temos que garantir a segurança energética do país, em um momento em que também precisamos enfrentar a transição energética. (…) Precisamos ter muito cuidado com a questão de reposição das reservas, mesmo que a gente queira aceitar o fato de sermos importadores de petróleo, o que para nós está fora de cogitação”, destacou Chambriard.

>> Nova gestão na Petrobras vai convergir com ‘agenda do governo’ e interesse nacional, diz Silveira.

Na avaliação da executiva, a reposição das reservas demanda discussões sobre a exploração de novas fronteiras, com destaque para a Bacia de Pelotas e a Margem Equatorial.

“A sobrevivência da Petrobras tem um grande componente que é a produção desses reservatórios, tempestiva, com máximo aproveitamento, majoração do potencial dos recursos, mas reposição de reservas. Para nós, é essencial repor reservas”, disse a presidente da estatal.

Margem Equatorial e o Ibama 

A Margem Equatorial está em debate desde maio do ano passado, quando o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, rejeitou a licença solicitada pela Petrobras para perfurar um poço de petróleo no bloco FZA-M-59, a cerca de 175 quilômetros da costa do Amapá.  Segundo o presidente do órgão, foram encontradas inconsistências técnicas no processo.

Contudo, na época, o ex-presidente da petroleira, Jean Paul Prates, disse que entendia o posicionamento do Ibama, mas que a decisão da exploração foi tomada pelo Estado brasileiro e assumida pela Petrobras, e que corresponde a verificar se existe petróleo para exploração. Segundo a estatal, todos os requisitos para obtenção da licença foram cumpridos. 

Magda Chambriard aproveitou para falar que as conversas sobre a licença ambiental precisam ser levadas ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que “tem se reunido pouco”, na percepção da executiva.

“Assuntos como esse precisam ser exacerbados no CNPE. Todos os componentes do CNPE têm que discutir o assunto, mostrar que a reposição de reservas é essencial. Esse assunto tem que ser discutido pelos ministérios, pela sociedade civil, pela agência reguladora e pelos agentes do setor, trazendo luz à sociedade brasileira. Precisamos trazer essa discussão para os interesses nacionais “, afirmou a executiva. 

Questionada sobre o papel do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ibama nas conversas sobre exploração, ela destacou que disse que os órgãos precisam ter mais informações sobre a necessidade “premente” de a Petrobras repor suas reservas de petróleo.

“O MMA precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade de o Brasil explorar a Margem Equatorial e perfurar esses poços, até para liderar a transição [energética] “, disse.

Política de preços 

Em relação a atual política de preços de combustíveis da Petrobras, Chambriard afirmou que observará a realidade do mercado, considerando as cotações internacionais, mas sem ponderar os custos ligados à importação, já que não incidem sobre a operação da Petrobras.

“A Petrobras sempre funcionou acompanhando uma tendência de preços internacionais, ora mais alta, ora mais baixa. O que é altamente indesejável? Trazer para a sociedade brasileira instabilidade de preços todos os dias. A Petrobras sempre zelou pela estabilidade”, falou a executiva.

Dividendos

Questionada sobre o pagamento de dividendos aos acionistas e o receio de investidores privados de verem o percentual de proventos relativos ao fluxo de caixa livre cair, Chambriard afirmou que a lógica empresarial será respeitada.

“Vamos respeitar a lógica empresarial. Não há como gerir a Petrobras sem respeitar a lógica empresarial. Se der lucro e atender aos interesses de acionistas públicos e privados, vamos pagar dividendos”, falou sobre o tema.

Parceria com a Unigel

Em relação à negativa do Tribunal de Contas da União (TCU) no pedido de “solução consensual” – mecanismo do TCU para dar celeridade e segurança jurídica a “controvérsias relevantes” – feito pela Petrobras no processo que investiga o contrato da estatal com a empresa produtora de fertilizantes Unigel, Chambriard disse que o caso está sendo estudado e que a Petrobras vai responder a eventuais questionamentos do tribunal sobre o tema.

“Não vou passar por cima de uma instituição respeitada como o TCU. Mas, faremos sim, se isso for bom para nós. Não tem ninguém aqui querendo gastar dinheiro. Precisamos dar lucro e respeitar as normas de compliance, isso tem um valor intangível enorme. (…) Precisamos explicar para órgãos de controle que fertilizantes são um bom negócio”, falou a executiva.