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Poupar água não é medida “conservadora”, diz Eneva que vê cenário de maior pressão térmica

A recomendação do Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS) para que o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) reduzisse as defluências de duas hidrelétricas é fundamentada, na opinião de Marcelo Lopes, diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva.

Poupar água não é medida “conservadora”, diz Eneva que vê cenário de maior pressão térmica

A recomendação do Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS) para que o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) reduzisse as defluências de duas hidrelétricas é fundamentada, na opinião de Marcelo Lopes, diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva.

Em teleconferência para divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2023, o executivo informou que a companhia prevê uma maior pressão das térmicas do país para garantir o fornecimento de energia no país, principalmente em meados de junho, quando inicia o período seco e a geração de hidrelétricas como Belo Monte, Santo Antônio e Jirau começa a cair.

>> CMSE reduz defluências em hidrelétricas para preservar até 11% do armazenamento.

A baixa afluência registrada no período úmido e o aumento das temperaturas nos últimos meses são os principais pontos indicados por Lopes para que esse cenário aconteça. Caso se concretize, o executivo afirma que os preços do mercado de curto prazo podem apresentar valores diferentes em relação ao visto nos últimos anos.

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“A preocupação do ONS não é conservadorismo, é fundamentada. Acreditamos que após o período de maior geração na região Norte, quando deixa de ter água nas usinas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, o que deve ocorrer em junho, a pressão por geração termelétrica crescerá”, disse o executivo, destacando que caso a previsão se concretize é difícil saber, por enquanto, se o despacho das usinas será com ou sem ordem de mérito.

Como exemplo, Lino Cançado, presidente da Eneva, destacou o retorno do despacho termelétrico para atendimento ao Sistema Elétrico Nacional mesmo em um contexto de sobreoferta de energia hídrica e níveis de reservatórios elevados.

“O despacho solicitado pelo ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] atendeu picos diário e horários de carga, que não podiam ser atendidos por renováveis. Esses eventos reforçam cada vez mais a importância da disponibilidade de termelétricas, não apenas para complementar a geração de acordo com a sazonalidade do regime hidrológico, mas também como grande estabilizador da intermitência crescente do nosso sistema”, disse o executivo.

Cançado também abordou o retorno da exploração de energia para Argentina por meio das usinas do complexo Parnaíba em janeiro e fevereiro deste ano, devido às temperaturas elevadas.

Para ele, a exploração é uma janela de oportunidade que a companhia vai explorar ao longo do ano, em particular nos meses de inverno e/ou nos picos de calor no verão.

Térmicas existentes no leilão

Em relação à participação no leilão de reserva de capacidade, Marcelo Lopes informou que o certame será uma oportunidade para a companhia ofertar ativos existentes, cujos contratos vencerão até o final de 2027, como o caso das usinas térmicas a gás natural Paranaíba I e III, que fazem parte do complexo de mesmo nome, localizado no município de Santo Antônio dos Lopes, no Maranhão. 

Segundo Lino Cançado, presidente da Eneva, em 2023, as usinas possuem um bom nível de reservas totais Provadas e Prováveis (2P), que subiu de 33,1 bilhões de metros cúbicos (bcm) registrados em 2023 para 37,6 bcm em 2024.

“O volume de reserva certificadas já assegurava a habilitação de Parnaíba I e III no aguardado leilão de reserva de capacidade, abrindo a possibilidade de contratação de novo ciclo para essas plantas”, afirmou o executivo na teleconferência.

Além da possibilidade de novas contratações para usina, Cançado destacou que a Eneva também pode participar do leilão através da expansão de projetos localizados em regiões incentivadas e que contam com acesso a reserva de gás e infraestrutura de fornecimento proprietárias, o que tornaria “a oferta da companhia extremamente competitiva para este leilão”.

>> Eneva quer participar do leilão de reserva de capacidade com expansão de 1,2 GW na UTE Porto Sergipe.

“Estamos motivados para essa oportunidade e já estamos trabalhando intensamente com objetivo de assegurar a monetização de um novo ciclo para nossos ativos na Parnaíba e para contratar nossos projetos no leilão de reserva”, disse o presidente.

Próximos passos

Fora do certame, a companhia pretende intensificar os esforços para desenvolver outros modelos de negócio, focando na comercialização de gás natural liquefeito (GNL) em substituição do diesel em regiões que não são atendidas por gasodutos de transporte, em particular para os segmentos industriais e de logística pesada de longa distância. Além disso, outros projetos devem ser desenvolvidos a partir do terminal de GNL do hub Sergipe, onde a Eneva conta com uma infraestrutura de gás disponível.

Segundo Cançado, em 2024, a Eneva também estará dedicada à atualização do modelo geológico de Azulão e Silver, ambos localizados no Amazonas, com base em dados de poços e testes obtidos com as atividades executadas ao longo de 2023.

“Planejamos, ainda, o início de uma aquisição sísmica em áreas dos campos de Azulão, Silver, Tambaqui e adjacentes para definir as prioridades dos diversos prospectos, que já foram identificados e que serão objetos da campanha exploratória que iniciará em 2025”, afirmou o presidente.

O executivo ressaltou que com as reservas atuais e com os poços já perfurados, a Eneva tem “conforto” para produzir no complexo termelétrico do Amazonas e Roraima por um período de aproximadamente dez anos, e está trabalhando para incorporar novas reservas, seguindo o planejamento.

Ainda sobre o tema, Cançado afirmou destacou o potencial da área com acumulação marginal de Japiim, na Bacia do Amazonas, adquirida no quarto ciclo de oferta permanente no final de 2023.

“Vamos recompletar o poço descobridor dessa acumulação e fazer testes de longa duração para definir, com precisão, o potencial deste campo”, finalizou.

Resultados

A Eneva contabilizou prejuízo líquido de R$ 290,6 milhões no quarto trimestre do ano passado, 49,9% maior que o prejuízo registrado no mesmo período do ano anterior. O desempenho ocorreu após uma baixa contábil de R$ 430 milhões, que reverteu o lucro da operação no período.

A receita operacional líquida foi de R$ 2,7 bilhões, alta de 17,6% na mesma base de comparação. Já o Ebitda (lucro antes de juros, imposto, depreciações e amortizações) ajustado foi de R$ 1 bilhão, crescimento de 88,6%.

Geração

A geração total de energia bruta da Eneva foi de 1.910 GWh no quarto trimestre de 2023, 103 GWh a mais que no mesmo período do ano anterior.