Geração

Russa Rosatom avalia participar de leilão de energia nova este ano

Russa Rosatom avalia participar de leilão de energia nova este ano

Conhecida principalmente por sua atuação na área nuclear, a gigante russa Rosatom estuda participar do leilão de energia nova do tipo “A-5” com projetos de geração a partir da recuperação energética de resíduos sólidos urbanos, conhecidos como “waste-to-energy”. A empresa, que possui experiência em projetos do tipo na Rússia, vai conversar com potenciais parceiros no Brasil para avaliar a possibilidade de participar da licitação, marcada para 30 de setembro e que negociará contratos para início de fornecimento em 2026.

“Estamos ansiosos para encontrar parceiros aqui e talvez participar dessas licitações nesse tipo de geração”, afirmou Ivan Dybov, presidente da Rosatom para a América Latina, em entrevista à MegaWhat. “Podemos fornecer a tecnologia, podemos fornecer algumas condições de financiamento [para projetos]. Como será um leilão e há competidores, não posso fornecer muitas informações sobre isso, mas já há soluções financeiras sobre como podemos fazer esse projeto e vamos falar com potenciais parceiros para acelerar e talvez participar em parceria com companhias no leilão”.

Com relação ao leilão, estão cadastrados 12 empreendimentos de geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU), totalizando 315 megawatts (MW) de capacidade instalada. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ao todo foram inscritos 1.694 projetos, com 93.859 MW.

Medicina nuclear

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Uma das maiores companhias integradas de tecnologias nucleares do mundo, a Rosatom possui, desde 2015, um escritório no Rio de Janeiro, que também funciona como sede do grupo para a América Latina.

Neste mês, a companhia, por meio da subsidiária Isotope JSC, fechou acordo de cinco anos com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) para o fornecimento ao Brasil dos isótopos médicos Lutécio-177 e Actínio-225, destinados à área de radiofarmácia.

“Nós já temos um relacionamento de longo prazo com a Ipen”, disse Dybov. “E acreditamos que podemos contribuir para o mercado de medicina nuclear porque é muito importante para o tratamento contra o câncer. Estamos muito felizes em trabalhar com o Brasil nesta direção”.

Segundo o executivo, por enquanto o setor de medicina nuclear é a principal área de atuação do grupo na América Latina, com negócios em andamento também na Argentina, Chile e México. Dependendo do crescimento do mercado, a companhia pode, no futuro, produzir os isótopos no Brasil, em cooperação com empresas locais.

Energia nuclear

O maior foco do conglomerado russo no Brasil, porém, é a energia nuclear. A companhia avalia participar da concorrência internacional para a contratação da empresa que ficará responsável pelo “EPC” (sigla em inglês para engenharia, suprimentos e construção) da conclusão da usina nuclear de Angra 3, prevista para 2022, e de futuros projetos de novas usinas no país.

“Temos muita experiência em fazer projetos no modelo de EPC. Por exemplo, na Hungria, estamos fazendo isso agora”, explicou o executivo. A companhia possui um portfólio de projetos fora da Rússia com 35 unidades de energia em diferentes estágios de implementação em 12 países,

Com relação a futuros projetos de geração de energia, o Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, lançado pelo governo brasileiro no ano passado, prevê 10 gigawatts (GW) em novas usinas nucleares nas próximas três décadas. O documento, no entanto, não define o porte dos projetos.

“O que vemos como positivo é que o Brasil já anunciou planos para construir novas usinas nucleares. Isso é realmente interessante para nós”, disse Dybov. “Acredito que será uma oportunidade muito boa para cooperar com a indústria brasileira, ter experiência para trabalhar não só com medicina nuclear, que é muito importante para nós, mas no setor de energia, em um grande nível de cooperação, não só no Brasil, mas em países vizinhos”.

A companhia também enxerga oportunidades para atividade de mineração de urânio no Brasil, em parceria com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB). As duas empresas inclusive já assinaram uma carta de intenções nesse sentido. A participação de empresas privadas e estrangeiras na mineração de urânio, porém, ainda depende de mudança na legislação brasileira.

* Reportagem atualizada às 21h50.