![Redução dos preços de PPAs abre espaço para mercado interno de hidrogênio verde, afirma relatório do Itaú BBA Redução dos preços de PPAs abre espaço para mercado interno de hidrogênio verde, afirma relatório do Itaú BBA](https://megawhat.energy/wp-content/plugins/seox-image-magick/imagick_convert.php?width=904&height=508&format=.jpg&quality=91&imagick=uploads.megawhat.energy/2024/05/Sustentabilidade-Imagem-de-Nattanan-Kanchanaprat-por-Pixabay-5-1320x748.jpg)
O crescimento expressivo da geração renovável projetada para os próximos anos, combinado ao fato de o custo médio da energia eólica e solar no Brasil estar entre US$ 30 e 40 por MWh, abaixo da média global, devem levar a uma redução significativa nos preços dos contratos de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) no longo prazo no Brasil. A conclusão é do relatório assinado pelos analistas do Itaú BBA, Marcelo Sá, Filipe Andrade, Luiza Candido e Matheus Marques, e enviado a clientes.
No relatório, os analistas apontam que a tendência de baixa nos PPAs favorece o desenvolvimento de projetos voltados para produção de hidrogênio verde, que exigem geração renovável estável e a preços competitivos.
“Esperamos um forte crescimento na capacidade renovável até 2025, já que muitas empresas estão correndo contra o relógio para construir ativos e iniciar as operações a tempo de aproveitar subsídios. A partir de 2026, esperamos uma adição de capacidade muito menor, dado o provável excesso de oferta, o que levaria os preços dos contratos de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) a níveis muito baixos”, escreveram os analistas.
Citando estudo da consultoria McKinsey, o relatório do banco aponta que o custo da energia eólica pode chegar a um patamar entre US$ 20 e US$24/MWh em 2030, caindo para US$ 17 a US$ 21/MWh até 2040. Já o custo da fonte solar fotovoltaica pode cair de US$ 17 a US$21/MWh em 2030 para US$ 13 a US$ 17 até 2040.
Caso o cenário se confirme, os analistas do Itaú BBA acreditam que o Brasil terá um setor de renováveis competitivo, pois existem alguns estados do Nordeste que possuem recursos de solar e eólica que favorecem o desenvolvimento de projetos híbridos. A expansão do segmento será fundamental para a expansão do hidrogênio verde brasileiro, que vai servir, inicialmente, para abastecer o mercado interno, chegando a aproximadamente 3,2 milhões de toneladas até 2030.
Mencionado a pesquisa da norueguesa Rystad Energy, o Itaú BBA estima um aumento na produção de amônia para fertilizantes e para segmento de refino de petróleo, que devem responder por cerca de 80% da demanda total no período previsto. A indústria do aço também deve ganhar destaque no longo prazo, sendo a segunda maior demanda no país até 2040. Igualmente, o setor de transporte apresentará maior procura pelo hidrogênio verde.
“Os clusters industriais podem oferecer uma grande oportunidade para desenvolver este mercado interno, aproveitando as vastas recursos energéticos e infraestrutura logística existente e, portanto, com potencial para criar centros de hidrogênio”, dizem os analistas.
De acordo com a análise, até o momento, foram anunciados três projetos brasileiros ligados ao hidrogênio verde: Os portos do Pecém, no Ceará, de Suape, em Pernambuco, e do Açu, no Rio de Janeiro. Os empreendimentos ainda estão em estágio inicial, mas se avançarem poderão contribuir para impulsionar o mercado interno de hidrogênio, dadas as suas localizações.
Atualmente, a demanda por hidrogênio no Brasil está em 2,5 milhões de toneladas, e vem principalmente de refinarias e unidades de fertilizantes. Para que essa demanda seja atendida por hidrogênio verde, produzido a partir de energia renovável, os analistas estimam que o Brasil teria que construir 32 GW em energia solar e em eólicas onshore e offshore, demandando R$ 161 bilhões em investimentos.
“O Brasil não precisa construir nova capacidade de geração nos próximos cinco anos, visto o atual cenário de superoferta. No entanto, a longo prazo, acreditamos que a demanda por hidrogênio verde exigirá mais investimentos em novas capacidades renováveis”, conclui os analistas.