Boom da Inteligência Artificial

MME defende retomada em Angra 3 para atender demanda de Data Centers

Segmento já depositou 9 GW em pedidos para acesso à rede básica brasileira até 2035

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a retomada das obras da usina Nuclear de Angra 3 e o uso da fonte para atender o consumo de data centers - Crédito: Ricardo Botelho (MME)
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a retomada das obras da usina Nuclear de Angra 3 e o uso da fonte para atender o consumo de data centers - Crédito: Ricardo Botelho (MME) | Ricardo Botelho (MME)

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a retomada das obras da usina Nuclear de Angra 3 e o uso da fonte para atender o consumo de data centers, segmento que já depositou 9 GW em pedidos para acesso à rede básica brasileira até 2035.

Em um dos painéis do Fórum Esfera Internacional em Roma, evento entre os dias 11 e 12 de outubro, Silveira disse que a conclusão da usina precisa ser uma prioridade, pois os brasileiros já pagaram cerca de R$ 200 milhões por ano apenas para condicionar os equipamentos que foram comprados e outros R$ 3 bilhões do governo anterior, sem uma decisão política de conclusão – valor é referente ao orçamento das obras de montagem eletromecânica da usina, conforme dados do Tribunal de Contas da União.

“Na minha visão, temos que concluir Angra 3 até porque o destino da energia com os data centers e com a inteligência artificial é a nuclear, que é firme. O Brasil detém a cadeia completa, nós temos urânio em abundância, urânio em cristalino com diamante, urânio consorciado com fosfato em Santa Quitéria, urânio puro na Bahia, urânio com carvão no Paraná e temos a tecnologia de produção das pastilhas para fins pacíficos”, falou o ministro.

Para Silveira, é “inadmissível” a forma que a usina se encontra atualmente, sendo necessário o enfretamento de questões relacionadas a gestão. O ministro também defendeu a adoção de pequenos reatores nucleares que, segundo ele, não precisam do uso da rede de transmissão e podem ser viáveis.

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>> Angra 3 pode ter obras atrasadas por problemas contratuais, diz TCU

Energia nuclear nos Data Centers

Os data centers podem consumir até um quinto da energia elétrica gerada no mundo devido ao aumento do uso da inteligência artificial (IA), conforme dados do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Com o avanço da IA, as bigtechs Microsoft e Google anunciaram nas últimas semanas a adoção da fonte nuclear em suas operações.

No final de setembro, a Microsoft assinou acordo com a Constellation Energy para reiniciar a operação de uma das unidades da usina nuclear Three Mile Island, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, para atendimento de data centers. Nos termos do acordo, a unidade fornecerá 835 MW de energia para a empresa por um período de 20 anos.

O contrato permitirá a retomada da unidade 1 do projeto, desativada em 2019 por motivos operacionais. O projeto também tem uma segunda unidade, fechada desde 1979 depois de um derretimento parcial — o mais famoso acidente nuclear comercial da história do país — que não será reiniciada.

A Constellation planeja investir cerca de US$ 1,6 bilhão para renovar a usina e espera a aprovação das licenças para retomar operação até 2028.

Em entrevista ao portal Nikkei Asia no início de outubro, o CEO do Google, Sundar Pichai, disse que a empresa está considerando o uso da geração nuclear em seus data centers.

Data Centers no Brasil

As empresas de renováveis apostam no boom da inteligência artificial no segmento para retomar o crescimento das fontes, que passaram por um forte crescimento nos últimos anos mediante subsídios.

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o segmento de data centers já depositou 9 GW em pedidos para acesso à rede básica até 2035, com 22 projetos nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.

Em setembro, a Scala Data Centers anunciou projeto no Rio Grande do Sul que terá demanda inicial de 54 MW, com potencial de chegar a 4.750 MW quando estiver plenamente desenvolvido. No mesmo dia, a AWS, braço de computação em nuvem da Amazon, anunciou que vai investir R$ 10,1 bilhões (cerca de US$ 1,8 bilhão) no Brasil até 2034 para expandir, construir, conectar, operar e manter data centers no país. 

Também no período, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou linha de crédito com orçamento de R$ 2 bilhões específica para investimento em data centers no país.

Em agosto, o Porto do Açu assinou acordo para estudo sobre a implementação de data centers de até 1 GW no Rio de Janeiro.

Ainda no Fórum Esfera

Também no painel, Silveira voltou a falar sobre a importância de o Brasil explorar suas potencialidades no petróleo e no gás natural na Margem Equatorial, além de criticar os subsídios do setor nos últimos em “prol de interesses específicos” e defender o reequilíbrio entre os mercados livres e regulado.