A Acelen, dona da Refinaria de Mataripe, na Bahia, anunciou a criação da Acelen Renováveis, com foco em produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) e diesel renovável a partir da macaúba, planta nativa brasileira. Para isso, investirá US$ 2,5 bilhões em uma biorrefinaria anexa à de Mataripe. A planta é um dos ativos vendidos pela Petrobras durante a política de desinvestimentos. Era chamada de Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e foi vendida em 2021 por US$ 1,8 bilhão.
A Acelen Renováveis também se comprometeu a cooperar com a criação de um hub de inovação no estado, com a participação de instituições de pesquisa locais, para colaborar com o desenvolvimento da macaúba e com a revitalização do cultivo de dendê. Haverá ainda atuação junto ao governo do estado no mapeamento de áreas que podem receber o cultivo de macaúba.
Em Minas Gerais, a Acelen Renováveis irá estabelecer um Centro de Inovação e Tecnologia Agroindustrial (CITA), para a produção de sementes de macaúba de alta qualidade, na cidade de Montes Claros.
Alguns parceiros do novo negócio são a Honeywell, que será a licenciadora da tecnologia e fornecedora da engenharia avançada para a produção dos combustíveis renováveis, a Alfa Laval, responsável por desenvolver e implantar a solução de refino dos óleos vegetais, e a Afry, que fará a engenharia básica da unidade e a execução de serviços de consultoria para obtenção da Licença Ambiental de Alteração (LA) necessária ao projeto.
A Acelen Renováveis foi lançada na última quinta-feira, 7 de dezembro, durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos – país-sede do Mubadala Capital, fundo de investimentos controlador da Acelen.
Ofensivas para recompra de refinarias vendidas pela Petrobras
O investimento bilionário na Acelen Renováveis vem poucos dias após a Petrobras suspender a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor). A recompra da Refinaria de Mataripe é defendida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Em novembro, durante coletiva de imprensa da Petrobras, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, disse que havia conversas com o Mubadala e que a recompra do ativo era um dos temas discutidos, mas não era o principal. Procurada pela MegaWhat, a Acelen declarou que “não comenta sobre recompra de refinarias”.
Em setembro, a Petrobras assinou um Memorando de Entendimento (MoU, da sigla em inglês) para possível investimento nesta biorrefinaria do Mubadala na Bahia. Esta biorrefinaria consta no escopo do Novo Programa de Aceleração de Crescimento (Novo PAC) junto a projetos da Petrobras.