Setor de energia avança, enquanto óleo e gás permanece no mesmo estágio de 2020, aponta KPMG

Natália Bezutti

Autor

Natália Bezutti

Publicado

04/Jun/2021 19:05 BRT

O estudo Tendências e a nova realidade - 1 ano de covid-19, realizado pela KMPG com 40 setores da economia, mostra que os segmentos de energia elétrica e óleo e gás estão no segundo estágio de retomada da economia desde o início da pandemia da covid-19, o transformar para emergir. O estudo considerou quatro categorias: reiniciar, transformar para emergir, retorno ao normal e processo de crescimento.

Em transformar para emergir, são consideradas as indústrias e empresas que se recuperarão, apesar de um caminho prolongado, exigindo reservas de capital para resistir e transformar modelos operacionais e de negócio.

No setor de energia elétrica, a KPMG considerou que a ação rápida do governo durante a pandemia para apoiar as distribuidoras de energia, impediu que os demais elos da cadeia fossem afetados. E agora, com a retomada do consumo de energia e mudanças estruturais no marco regulatório, algumas deficiências do modelo têm sido corrigidas e possibilitado a inserção de novos mecanismos para garantir a segurança e a modernização do setor elétrico.

O estudo ainda aponta entre as tendências para o segmento: avanço regulatório em prol da transição energética e da modernização do setor; definições regulatórias e impacto cambial como drivers da expansão da geração distribuída; avanço no processo de privatização; práticas ESG; segurança cibernética como prioridade para as empresas; sofisticação da comercialização energia e amadurecimento gradual dos derivativos; maior atenção aos ativos de transmissão e ao impacto de mudança do regime de chuvas sobre a produção hidrelétrica.

Considerando a aceleração da implantação de projetos em energias renováveis, para aproveitamento dos subsídios ainda vigentes, o relatório aponta alto volume de transações de M&A, principalmente para ativos operacionais ou greenfield e redução do custo e aumento da competitividade de sistemas de armazenamento de baterias.

Além das tendências, entram como prioridades para o setor: abertura e expansão do mercado livre de energia com soluções financeiras mais sofisticadas; modernização de modelos operacionais por meio da gestão, incluindo a digitalização, automação e uso analítico de dados; mudança nos hábitos de consumo por meio de eficiência energética e energias mais sustentáveis; e menor dependência dos bancos de fomento e oportunidades de investimentos em ativos renováveis.

Óleo e Gás

Também no estágio "transformar para emergir", mas sem avanço em relação à pesquisa anterior, o setor de óleo e gás deverá apresentar como tendência: foco na preservação de caixa, a digitalização e automação de processos manuais e segurança cibernética, gestão de portfólio de ativos e dos aspectos ESG.

Sobre os desafios do segmento, está a mudança no modelo de consumo de combustível, considerando a experiência do cliente; plataformas colaborativas de materiais; modelo de contratação offshore; digitalização de processos manuais e automação da operação; intensificação do uso de inteligência artificial em manutenção e da análise de dados para reservatórios.

Segundo Anderson Dutra, sócio líder de óleo e gás da KPMG, apesar de não ter avançado um ano após a pandemia, o setor tem dado sinais de retomada do crescimento. “Os projetos de desinvestimentos estão voltando ao topo da agenda, atraindo novas empresas e as empresas estão trabalhando na gestão de portfólios de ativos, porém com um foco mais integrado buscando soluções automatizadas, digitais e sustentáveis. As commodities voltam a subir e dão boas perspectivas para o médio prazo", analisa Dutra.