Economia e Política

Silveira diz que fará mudança na política de preços da Petrobras; medida pode amortecer impactos internacionais

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que fará uma mudança na política de preços dos combustíveis da Petrobras, por meio da adoção de diretrizes baseadas no mercado nacional.

Silveira diz que fará mudança na política de preços da Petrobras; medida pode amortecer impactos internacionais

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que fará uma mudança na política de preços dos combustíveis da Petrobras, por meio da adoção de diretrizes baseadas no mercado nacional. O chefe da pasta declarou que a estatal já possui orientação para alterar as normas e que mudanças devem começar após a próxima Assembleia Geral dos Acionistas, marcada para 27 de abril.  

“O tal PPI [Preço por Paridade de Importação] é um verdadeiro absurdo. Nós temos que ter o que eu tenho chamado de PCI, Preço de Competitividade Interno”, afirmou o ministro durante entrevista à GloboNews nesta quarta-feira, 5 de abril.

A Paridade de Preço de Importação é adotada pela companhia desde 2016 e considera a cotação do petróleo e do dólar em 100% do cálculo. Segundo o ministro, a medida ajudaria a companhia a “amortecer” os impactos externos em refinarias brasileiras, mantendo uma estabilidade no preço dos combustíveis. Silveira ainda disse que um dos primeiros cortes deve impactar em uma redução entre R$ 0,22 e R$ 0,25 no preço do litro do diesel.  

“A Petrobras vai continuar sendo respeitada na sua governança e na sua natureza jurídica, mas nós vamos exigir da Petrobras, como controladores da Petrobras, que ela respeite o povo brasileiro. Que cumpra o que está nas Lei das Estatais e na Constituição Federal, sua função estatal, que é criar um colchão de amortecimento nessas crises internacionais de preço dos combustíveis.  Isso vai resolver o problema definitivo quando a gente tiver uma crise internacional? Não. Não vamos iludir ninguém, nós vamos estar sempre suscetíveis às questões da volatilidade internacional. Mas a Petrobrás tem muito para poder contribuir com a questão social brasileira”, afirmou. 

Outra questão apontada pelo ministro como base para uma mudança do PPI é o recente anúncio de corte de 1 milhão de barris diários da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). 

Posicionamento Petrobras 

Em comunicado, a Petrobras afirmou que não recebeu nenhuma proposta do Ministério das Minas e Energia (MME) a respeito da alteração da Política de Preços da estatal e reafirmou o compromisso com a prática de preços atual. 

A companhia ainda disse que mantém os preços competitivos e em equilíbrio com o mercado nacional, ao mesmo tempo, em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais. 

“Quaisquer propostas de alteração da política de preços recebidas do acionista controlador serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia”, afirmou a Petrobras. 

A estatal reiterou que ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios, em razão do contínuo monitoramento dos mercados, compreendendo, dentre outros procedimentos, a análise diária do comportamento dos preços relativamente às cotações internacionais, a sua participação de mercado, dentre outras variáveis. 

Subsídios

Se uma eventual nova política de preços praticada pela Petrobras resultar numa receita menor do que ela teria com a paridade internacional, a União precisará ressarcir a estatal, ou, antes disso, alterar seu estatuto social.

Desde 2018, o estatuto social da Petrobras prevê que, se a empresa for orientada pela União a contribuir para o interesse público, as responsabilidades só poderão ser assumidas se respeitarem condições de mercado, com base em critérios definidos pelos comitês de Investimentos e de Minoritários da empresa.

Caso contrário, a orientação precisará ser expressa em lei ou regulamento, e os custos e receitas precisarão ser discriminados e divulgados de forma transparente. Além disso, a União será obrigada a compensar a companhia a cada ano pela diferença entre as condições de mercado definidas e o resultado operacional ou retorno econômico da obrigação assumida. 

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(Atualizado em 05/04/2023, às 17h10)