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Apesar de interesse, Alupar vê tecnologia HDVC do bipolo limitada a fabricantes chineses

A Alupar disse estar muito interessada em participar da disputa do lote 1 do leilão de transmissão marcado para 15 de dezembro, que compreende o bipolo Graça-Aranha. No entanto, vê que a tecnologia prevista para o trecho em corrente contínua, em LCC, ainda está limitada a fabricantes chineses.

Apesar de interesse, Alupar vê tecnologia HDVC do bipolo limitada a fabricantes chineses

A Alupar disse estar muito interessada em participar da disputa do lote 1 do leilão de transmissão marcado para 15 de dezembro, que compreende o bipolo Graça-Aranha. No entanto, vê que a tecnologia prevista para o trecho em corrente contínua, em LCC, ainda está limitada a fabricantes chineses.

O lote 1, com 1.513 km de extensão de novas linhas, representa, de forma integral, R$ 18,1 bilhões de investimentos, ou 83% do investimento previsto em todo o certame. Para ampliar a competição pelo empreendimento, que passará pelos estados do Maranhão, Goiás e Tocantins, ele poderá ser licitado em quatro sublotes (1A, 1B, 1C e 1D).

“Existem duas tecnologias para o sistema de HVDC, o LCC e o VSG. [Para o leilão] foi adotado o sistema LCC, que somente os fabricantes chineses produzem e isso vai limitar um pouco a nossa capacidade e a de outros players que não trabalham com essa tecnologia chinesa”, disse José Luiz de Godoy, CFO da empresa, durante teleconferência de resultados da Alupar do segundo trimestre.

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Segundo o executivo, com a adoção do LCC, ficam de fora todos os fabricantes europeus, como a Siemens, GE e Hitachi Energy, que utilizam uma tecnologia ‘mais nova’. “Mas tentar, nós vamos tentar participar, sim”, completou o executivo sobre a participação na disputa.

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Sobre a retomada das obras para da linha de transmissão Manaus-Boa Vista que foi licitada em 2011 pela Transnorte Energia (TNE), tendo como sócios a Alupar (51%) e a Eletronorte (49%), José Luiz disse que o projeto está seguindo o cronograma dentro das expectativas.

“A gente terminou praticamente tudo da parte pré-operação e que foi requerida pela comunidade indígena. Demos ordem de serviço e iniciamos as obras agora pelo trecho indígena. Os outros trechos também já estão em fase final de contratação”, comentou o CFO.

Com cerca de 715 quilômetros de linhas de transmissão, 425 quilômetros passam pelo estado de Roraima e 290 quilômetros no Amazonas. Desse total, cerca de 122 quilômetros estão na Terra Indígena Waimiri Atroari.

Seguindo o acordo judicial firmado entre a transmissora, a Associação Comunidade Waimiri Atroari (ACWA) e União, em setembro de 2022, a TNE se comprometeu a executar programas e ações detalhadas no Plano Básico Ambiental Componente Indígena, cujo orçamento totaliza como responsabilidade direta da empresa um montante da ordem de R$ 90,3 milhões, em valores de agosto de 2021, a serem atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Ainda sobre a questão, a empresa possui um processo de arbitragem junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para restabelecimento do seu equilíbrio econômico-financeiro, e no qual o executivo acredita que terá o seu desfecho dentro do prazo de 48 meses.

A celebração de Termo de Compromisso Arbitral entre agência e a Transnorte Energia (TNE) ocorreu em setembro de 2021, com um escopo da arbitragem limitado à faixa de Receita Anual Permitida (RAP) definida pela agência, de R$ 329 milhões, e o pleiteado pela TNE, de R$ 395 milhões. A faixa também está limitada ao prazo, entre 17,5 anos definido pela agência, e de 27 anos, pleiteado pela TNE.

Com o resultado da arbitragem, a empresa deve fazer o ‘descruzamento’ da sociedade que possui com a Eletrobras, por meio da Eletronorte.

“Temos um acordo com a Eletrobras de fazer o descruzamento de participações a partir da entrada em operação da TNE e da definição do valor da RAP pela arbitragem. Ainda temos outros ativos com a Eletrobras e a ideia é fazer esse descruzamento nesses outros ativos que somos sócios”, explicou José Luiz de Godoy.

A Alupar possui participação em 8.129 km de linhas de transmissão, por meio de concessões localizadas no Brasil e um perpétuo localizado na Colômbia, sendo 27 operacionais e três em fase de implantação, com cronograma de entrada em operação comercial até 2024. Em geração, o portfólio da empresa engloba hidrelétricas, PCHs, parques eólicos e solares, no Brasil, Colômbia e Peru, e que somam uma capacidade de 699 MW em operação.

A ideia da empresa é continuar a olhar as licitações de transmissão e geração dentro e fora do país para alcançar um portfólio de 10% da sua receita vinda do mercado internacional.

“No ano que vem, a expectativa é que vamos ter próximo de 10% da nossa receita fora do Brasil. O que é bastante bom, porque você tem uma diversificação de moeda. Essa receita fora do Brasil, praticamente, é toda em dólar. Acho que isso dá um mix para a companhia bastante interessante”, completou o CFO.

Resultado do 2T23

A Alupar registrou lucro líquido regulatório de R$ 203,1 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 304,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

A receita líquida regulatória somou R$ 808,7 milhões no trimestre, alta de 15,7%, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 636,1 milhões no trimestre, um crescimento de 27,1% na base anual.

Segundo a apresentação da empresa, essa variação decorre do aumento de 60,4 % no faturamento das transmissoras, que foi impactado pelo reajuste das RAPs, bem como de um aumento em geração de R$ 34,5 milhões, dos quais R$ 12,2 milhões são da comercializadora e de R$ 9,2 milhões na UHE Ferreira Gomes, em razão da estratégia de alocação.

O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado.

No regulatório, a receita reflete a receita anual permitida (RAP) registrada conforme o faturamento, no prazo da concessão.

As transmissoras também reportam os resultados financeiros de acordo com as regras internacionais, conhecidas pela sigla em inglês IFRS. Nessa contabilização, os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo financeiro. A distribuição de proventos aos acionistas leva em conta o IFRS.

O lucro calculado pelo IFRS foi de R$ 222,2 milhões no trimestre, alta de 23,4% na comparação anual, enquanto a receita líquida caiu 33,2,5%, a R$ 780,2 milhões.