A Petrobras deve contratar 36 barcos de apoio em 2024, disse o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da companhia, Carlos Travassos. Segundo ele, as oportunidades devem ser absorvidas pelo mercado nacional já que, pelas regras de circularização, é preciso abrir consulta ao mercado nacional para verificar se há alguma embarcação brasileira disponível para o atendimento. Apenas se não houver disponibilidade, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) emite a autorização de afretamento.
“É pautado nisso que a gente entende que é uma oportunidade para a indústria brasileira. Porque quando fizermos essa circularização previamente, não vamos ter esses 36 barcos na indústria brasileira, então é uma oportunidade para os estaleiros nacionais”, explicou.
O diretor avalia que o prazo médio para construções destes barcos gira entre quatro e cinco anos, “mas temos que olhar cuidadosamente os projetos, as especificações para fazer uma estimativa justa para o mercado e para nossas necessidades”. As equipes da Petrobras estão visitando estaleiros nacionais para avaliar a capacidade da indústria local diante das necessidades da empresa, disse ele.
Segundo Travassos, as contratações serão necessárias para substituir embarcações mais antigas da Petrobras, que inclusive estariam ficando fora de especificação. Tais contratações não dependeriam de capex dedicado.
Ele explicou também que as contratações destas embarcações de apoio não competem com a Transpetro, por serem embarcações técnicas de menor porte, nem com a contratação de módulos para FPSOs, que são produzidos por outro tipo de estaleiro.
Ele adiantou que as primeiras chamadas devem ocorrer para embarcações dos tipos PSV (embarcação de apoio a plataforma, na sigla em inglês), OSRV (embarcação de combate a derramamento de óleo) e RSV (embarcação de suporte a operações com veículos de operação remota).
Carlos Travassos falou em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira, 25 de outubro, durante o OTC Brasil, evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e pela Offshore Technology Conference (OTC) no Rio de Janeiro.
Oportunidades para descomissionamento
No evento, Travassos também mencionou o orçamento alocado para descomissionamento pela Petrobras que, segundo o plano estratégico 2023-2027, é de US 9,8 bilhões para o período. Ele explicou que boa parte dos custos está associada à necessidade de sondas para fechar poços. Além disso, também mencionou que há cerca de 2,5 mil quilômetros de cabos a serem retirados durante o descomissionamento. Estes materiais são transformados em sucata para reuso.
“Acredito que estamos criando uma indústria de descomissionamento, que não se limita às demandas da Petrobras. Quando a gente olha o processo de descomissionamento responsável, que é o que com certeza a sociedade vai exigir daqui para frente, são poucos os países com capacidade de fazer isso. Basicamente há nove países na Europa os Estados Unidos que fazem descomissionamento com os requisitos que estamos estabelecendo. E agora o Brasil. É a oportunidade para a indústria brasileira se colocar nesse mercado”.
Os editais de descomissionamento das plataformas P-32, concluído em julho, e P-33, aberto em setembro, foram direcionados exclusivamente a estaleiros nacionais. Mesmo assim, Travassos acredita que o custo de transporte da embarcação seria uma “trava” natural que privilegia os estaleiros nacionais, já que seria muito custoso transportar o navio para maiores distâncias.