Fundo do Pátria para projetos de pequeno e médio porte pode destinar 60% a energia

Maria Clara Machado

Autor

Maria Clara Machado

Publicado

20/Fev/2024 19:52 BRT

O Pátria Investimentos lançou nesta terça-feira, 20 de fevereiro, um novo fundo voltado para projetos de pequeno e médio porte em infraestrutura. Com captação que supera R$ 1,5 bilhão, e que tem R$ 1 bilhão já pronto para investimento, o fundo pretende chegar a R$ 5 bilhões no longo prazo. A projeção é investir principalmente em projetos de energia renovável, saneamento e mobilidade, sendo que empreendimentos em energia podem receber até 60% do total disponível.

Chamado Pátria Crédito FIDIC, o fundo tem como parceiros o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com participação de R$ 500 milhões; o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), com participação de R$ 125 milhões e o International Finance Corporation (IFC), com participação de R$ 780 milhões, além de um fundo de pensão não detalhado, que investirá R$ 150 milhões. O Pátria Investimentos faz a gestão do ativo, mas não divulgou a sua participação no capital.

O fundo tem o prazo de até três anos para selecionar os empreendimentos financiados, embora o desembolso possa ocorrer em períodos variados, de acordo com o perfil de cada projeto. Os financiamentos serão de longuíssimo prazo e podem superar os 20 anos.

Para Marcelo Souza, sócio do Pátria Investimentos e líder das Estratégias de Infraestrutura e Energia, o diferencial deste fundo está em oferecer crédito a projetos de infraestrutura de menor porte e de forma mais customizada às necessidades e perspectivas de cada empreendimento. Ele explica que o objetivo é ajudar a viabilizar projetos novos, que estão no início ou no meio de sua construção e precisam de alavancagem adequada.

A diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias, avalia que, com o fundo, o banco poderá levar crédito a empresas em estágio mais inicial: “Estamos falando de apoiar empresas que não necessariamente teriam acesso direto ao crédito no BNDES porque estão num estágio anterior ou não conseguem oferecer um nível de rating que a gente exigiria”.

Ela explicou que também pesou para o apoio do banco a carteira de investimentos alinhada ao Programa de Aceleração de Investimentos (PAC) do Governo Federal. “O foco em saneamento, energia, mobilidade e transformação ecológica está alinhado à política do governo. O BNDESPar e o banco sempre serão usados como instrumento de implementação de política pública”, disse a diretora.

Setores da energia podem receber até 25% do capital total do fundo

Quatro pilares norteiam o fundo: transporte eficiente e sustentável, cidades sustentáveis e resilientes, água para todos e transição energética.

Segundo Marcelo Souza, do Pátria Investimentos, entre as regras do fundo está o limite de exposição de até 25% do total para cada setor econômico, mas segmentos da energia contam como um setor independente. Assim, segmentos como energia solar ou eólica podem receber até 25% do montante total do fundo, desde que os empreendimentos em energia, somados, respondam por até 60% do capital total. Apesar de haver um teto para cada setor, não há um percentual mínimo estabelecido para cada área.

Outra regra é que o fundo não comprometa mais de 10% do seu capital por projeto, para que haja mais diversificação e menos exposição ao risco. Os empreendedores também devem responder por fatia do investimento – segundo Souza, o capital próprio esperado está entre 20% e 40% do total do projeto.

Em energia, as principais áreas avaliadas pelo fundo são geração distribuída, projetos solares e eólicos. “Eventualmente, biocombustíveis e pequenas centrais hidrelétricas”, disse Souza. Temas atrelados à transição energética, como transmissão, também podem ser considerados. “Queremos apoiar a matriz mais limpa e novas tecnologias. O hidrogênio verde, quando for algo viável, também vai se posicionar nesse sentido”, explicou.

Embora os investidores não tenham indicado prazos para o primeiro desembolso nem projetos específicos em avaliação, Marcelo Souza acredita que os primeiros investimentos podem ocorrer “em poucos meses”, e justamente para o setor de energia ou de saneamento básico, por conta da maior variedade de projetos em desenvolvimento nestes setores.


(Matéria atualizada às 22:50 para corrigir a informação sobre comprometimento de 10% do capital total do fundo por projeto)