Os primeiros estudos sobre energia geradas por ondas foram desenvolvidos nos anos 40 por Yoshio Masuda. Após anos de relativa estagnação nos avanços tecnológicos neste setor, em 1973 a procura por novas tecnologias geradoras de energia tiveram seu auge com a crise do petróleo devido à proibição de exportação ligada à Guerra do Yom Kippur, que fez com que o preço pelo combustível subisse até 300%. Com isso, houve aumento nos investimentos destinados ao desenvolvimento de energia gerada por ondas, mas que, com a queda do preço do petróleo em 1980, foram cortados.
Em 1986, a Comissão Europeia passou a oferecer maior suporte às pesquisas e desenvolvimento de tecnologias para a conversão da energia das ondas. Ao longo da década de 90 foram organizadas diversas conferências internacionais com o apoio da Comissão no Reino Unido, Portugal, Grécia e Dinamarca. Essas conferências foram essenciais para estimular as pesquisas nas universidades, centros de pesquisa nacionais e na indústria.[1]
Nos últimos 30 anos, o desenvolvimento desta tecnologia vem sendo liderado pela Europa, tendo como principais países a Dinamarca, Irlanda, Noruega, Portugal, Suécia e Reino Unido, que contam com apoio governamental de incentivo à utilização desse recurso renovável. Além de abrigar em suas reservas submarinas de petróleo grande parte dos combustíveis fósseis que utilizamos atualmente, o oceano é grande aliado na busca por novas fontes de energia.
Estudos desenvolvidos com a utilização de modelo de onda global (Wave Watch 3 – WW3), mostram que o potencial de geração de energia a partir das ondas e, regiões costeiras no mundo podem atingir a produção de até 2 TW.[2]
Como as principais ondas com potencial de geração de energia são geradas pelo vento, a energia contida na onda depende da velocidade e duração, extensão de pista sobre a qual o vento atua e da profundidade local. Já a potência da onda, é determinada por meio da sua altura, comprimento e densidade da água, o que resulta em um valor de fluxo de energia por unidade de comprimento de onda (kW/m).[3]
Os diferentes métodos de geração de energia por ondas são divididos em três principais categorias: equipamentos colocados na costa, equipamentos a serem localizados próximos à costa em profundidades até 20 metros (near-shore), e equipamentos offshore. A utilização de cada um depende das características ambientais locais e da maior viabilidade de cada método na região. Há exemplos de equipamentos na costa em Portugal (European Pilot Plant) e no Reino Unido (LIMPET OWC), onde também há um exemplo de equipamento na área near-shore (OSPREY). Os equipamentos offshore, no entanto, são os mais comuns, tendo sido instalados na Holanda (AWS), na Suécia (Floating Wave Power Vessel), Irlanda (McCabe Wave Pump), Japão (Mighty Whale), EUA (WEC) e Escócia (Pelamis). [1]
No Brasil, estudos que buscam melhorar a eficiência e o custo da conversão de energia das ondas em energia elétrica vêm sendo desenvolvidos pelas principais universidades do país em parcerias com empresas de geração e distribuição de energia.
Segundo estudos da Coppe/UFRJ, a costa do Brasil tem ondas com potencial energético de até 87 GW, com a possibilidade de conversão de aproximadamente 20% deste potencial, equivalente a 17% da capacidade total instalada no país.[4] Dados os benefícios ambientais e o potencial de crescimento do custo com o avanço das tecnologias, a geração de energia elétrica por meio da energia das ondas torna-se cada vez mais uma opção rumo a alternativas de desenvolvimento sustentável no país.
À medida em que o framework legal para a exploração de áreas offshore destinadas à implantação de fazendas eólicas vem sendo desenvolvido, seria oportuno que também fosse dada atenção à regulamentação de áreas costeiras e offshore com potencial para geração de energia por meio das ondas. Para isso, o primeiro passo seria o mapeamento dessas áreas potenciais e posterior regulamentação, para que, assim, o método mais adequado para cada área possa ser implementado, otimizando recursos a fim de reduzir o custo da tecnologia para implantação.
[1] Clément, A., McCullen, P., Falcão, A., Fiorentino, A., Gardner, F., Hammarlund, K., … Thorpe, T. (2002). Wave energy in Europe: current status and perspectives. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 6(5), 405–431. doi:10.1016/s1364-0321(02)00009-6
[2] Gunn, Kester; Stock-Williams, Clym (August 2012). “Quantifying the global wave power resource”. Renewable Energy. Elsevier. 44: 296–304. doi:10.1016/j.renene.2012.01.101
[3] Al-Habaibeh, A., Su, D., McCague, J., & Knight, A. (2010). An innovative approach for energy generation from waves. Energy Conversion and Management, 51(8), 1664-1668.
[4] http://www.coppenario20.coppe.ufrj.br/?p=805
Clarissa De Luca Menin é oceanógrafa, mestre em engenharia de costas e portos pela Universidad de Cantábria, e atua como gerente de projetos na Tetra Tech América do Sul.
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