Por: Henrique Rodrigues*
Enquanto o país coleciona recordes na instalação de sistemas fotovoltaicos de pequeno porte por meio da geração distribuída, a geração centralizada também avança a passos largos. Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostram que a produção de energia nas grandes usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) praticamente dobrou no último ano, passando de 1,18 GWm em fevereiro de 2022 para 2,05 GWm no mesmo mês deste ano. Em termos de potência instalada, por sua vez, os dados compilados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) também chamam a atenção: quase inexistente na matriz elétrica brasileira no início de 2017, a fonte atingiu 4,6 GW no final de 2021 e saltou para 8,37 GW em março último.
Esse movimento coloca o país entre os protagonistas da transição energética para uma economia de baixas emissões de carbono, contribuindo para os esforços globais contra as mudanças climáticas. É que, além de abrir a possibilidade de que consumidores de todo o país acessem a energia da fonte solar (ainda que parcialmente) mesmo sem dispor de sistemas próprios de geração distribuída, as usinas de geração centralizada viabilizam que empresas de diferentes portes cumpram suas metas de redução de emissões com a compra dessa energia no mercado livre ou por meio de projetos de autoprodução.
Destaque nesse sentido para a Vale, que a partir de julho deste ano receberá 16% de toda a energia usada em suas operações do Projeto Sol do Cerrado, localizado em Jaíba, no norte de Minas Gerais. Com uma potência instalada de 766 Megawatts-pico (MWp), trata-se de um dos maiores parques solares da América Latina e representa um passo estratégico para ajudar a mineradora a atingir suas metas climáticas de reduzir suas emissões líquidas de carbono dos escopos 1 e 2 (ou seja, respectivamente, as emissões relativas às operações da própria empresa e da energia elétrica comprada de terceiros) em 33% até 2030 e zerá-las até 2050.
Na mesma linha, recentemente a produtora de alumínio primário Albras fechou uma parceria com a geradora Atlas Renewable Energy para o fornecimento de energia solar por meio de um contrato de longo prazo (21 anos) do projeto fotovoltaico Vista Alegre, que terá uma potência de 902 MWp e entrará em operação em 2025. A unidade deve produzir em torno de 2 TWh por ano, evitando emissões de gases de efeito estufa equivalentes às geradas por mais de 61 mil veículos.
E esse tipo de investimento só tende a crescer. Estudo da consultoria Bloomberg NEF indica que, apenas neste ano, os desembolsos em projetos de energia limpa na América Latina devem atingir US$ 20 bilhões (contra US$ 14,8 bilhões registrados em 2022), sendo que a maior parte deve ser aportada no Brasil.
Para nós, é uma grande satisfação poder participar diretamente desse momento tão significativo de evolução da nossa matriz elétrica. Afinal, a combinação da competitividade da fonte solar para o consumidor final, do apoio ao endereçamento da questão climática e do desenvolvimento socioeconômico proporcionado pelas usinas em algumas das regiões mais carentes do país mostra que a fonte pode fazer a diferença para o futuro de todos nós.
*Henrique Rodrigues é general manager da Nextracker no Brasil.
Thiago Silva escreve: Ensaio sobre a demanda de hidrogênio de baixo carbono
Caroline Sgambato e Mariana Iizuka escrevem: Vamos conversar? Precisamos de mais mães nas equipes!
Marcos Izumida Martins escreve: Hidrogênio verde, o combustível do futuro
Luzer Oliveira escreve: Energia solar como fator de desenvolvimento para empresas
Daniel Sindicic escreve: Resíduos sólidos também representam potencial energético para o Brasil