MP 1.212

TCU deve apurar possíveis irregularidades na antecipação de recursos da Eletrobras

Assunto foi discutido nesta semana pela diretoria da Aneel

TCU aprova acordo entre Ministério de Minas e Energia (MME), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Tradener Serviços em Energia, que opera a termelétrica Barra Bonita.
TCU | Saulo Cruz (Divulgação)

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) apresentou uma representação pedindo para a corte apurar possíveis irregularidades na antecipação de recursos da Eletrobras para quitação antecipada dos empréstimos Conta Covid e Conta Escassez Hídrica, viabilizada pela Medida Provisória 1.212/2024, e a instauração de uma tomada de contas especial para responsabilização dos agentes envolvidos.

O assunto foi discutido nesta semana pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que aprovou a abertura de consulta pública a regulamentação dos desdobramentos tarifários da quitação antecipada dos empréstimos, conforme termos da MP.

Durante a reunião, o diretor relator Fernando Mosna destacou os impactos variados da antecipação dos pagamentos nas tarifas de 103 distribuidoras, os potenciais prejuízos a consumidores e a possibilidade de favorecimento das instituições financeiras que intermediaram a antecipação. O argumento do diretor é a base da representação do MPTCU, que definiu o processo como “preocupante”.

“Entendo que tanto os benefícios indicados pelo MME [Ministério de Minas e Energia] na antecipação do recebimento dos recursos quanto os indícios de prejuízos aos cofres públicos nessa operação trazidos pela Aneel devem ser detidamente analisados por esta corte de contas. Deve ser apurado e definido, de forma clara, se houve ou não a ocorrência de irregularidades nessa operação financeira de antecipação de recebíveis”, justificou Furtado.

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Para o subprocurador, cabe ao TCU investigar os fatos, exercendo o poder-dever de zelar pelo bom uso dos recursos públicos e sancionando os responsáveis por condutas desviantes.

Ele pediu ainda encaminhamento ao Congresso Nacional, tendo em vista todas as discussões recentes no âmbito do Poder Legislativo quanto à desestatização da Eletrobras e a materialidade dos recursos envolvidos.

Antecipação de recebíveis

Na sua privatização, a Eletrobras assumiu compromisso financeiro de aproximadamente R$ 30 bilhões com a União, por meio de aportes anuais na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com quitação até 2030. Os recursos são uma contrapartida para que a ex-estatal continue a contribuir com as políticas públicas do setor elétrico.

O MME realizou em agosto, por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a operação para captação de recursos no mercado financeiro utilizando como garantia parcelas futuras que serão pagas pela Eletrobras. A operação financeira foi estruturada no âmbito da MP 1.212.