Com o FPSO Atlanta já instalado no campo de mesmo nome, mas ainda pendente de licenças operacionais que podem sofrer atrasos diante do movimento de valorização dos servidores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Enauta optou por fazer uma manutenção mais robusta no FPSO Petrojarl, que já atua no campo de Atlanta, e assim garantir um back-up para a produção até o final do ano.
No total, Petrojarl ficou 27 dias parado a partir de 12 de junho, o que comprometeu a produção do principal ativo da Enauta e os resultados financeiros da companhia no trimestre.
“A paralisação seria de poucos dias, mas a gente resolveu ampliar esse trabalho de manutenção, de forma que o Petrojarl continuasse sendo uma opção, um plano B, para manter a produção até o final do ano”, disse o presidente da Enauta, Décio Oddone, em teleconferência com acionistas sobre os resultados do segundo trimestre de 2024.
Segundo ele, a ideia seria preparar um “plano B” que cobrisse alguma eventual intercorrência operacional ou regulatória. “O operacional a gente superou, não teve. [Mas] a gente tem um desafio regulatório ainda pela frente”, reconheceu.
O FPSO Atlanta chegou ao Brasil em meados de maio e concluiu todas as conexões do sistema de linhas submarinas nesta terça-feira, 30 de julho. O primeiro óleo da embarcação está planejado para agosto, mas depende da liberação por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da ANP.
Segundo Oddone, o Ibama deve visitar a embarcação “nas próximas semanas” para liberação da licença de operação, e a Enauta não prevê complicações adicionais por parte do instituto. Entretanto, a liberação da ANP dependerá da operação padrão da agência, em vigor desde o início do ano e em que os servidores levam o prazo máximo para atender as solicitações recebidas. “Estão levando 30 dias para responder as solicitações da indústria”, disse Oddone.
O FPSO Atlanta tem capacidade para processar 50 mil barris de óleo por dia e estocar 1,6 milhão de barris de petróleo. Petrojarl tem capacidade de processar até 30 mil barris de óleo por dia, mas voltou a operar em Atlanta em 29 de julho, com produção de 20 mil barris de óleo equivalente por dia. A capacidade de armazenamento de Petrojarl é de 180 mil barris de óleo.
Após o comissionamento do FPSO Atlanta, a Enauta espera preparar Petrojarl durante um ano para que a embarcação atue por mais três anos no sistema antecipado de Oliva, próximo a Atlanta. Para isso, a Enauta precisará aumentar a vida útil de Petrojarl, que inicialmente seria descomissionado após a implementação do FPSO Atlanta.
Primeira reunião do Conselho de Administração junto à 3R nesta quinta-feira
Esta foi a última teleconferência de resultados da Enauta na atual configuração da empresa, já que a partir desta quinta-feira, 1º de agosto, começa a valer a nova companhia, resultado da integração de negócios entre a Enauta e a 3R Petroleum. Decio Oddone será o presidente da nova organização e informou que a primeira reunião do novo Conselho de Administração está agendada para este “dia 1” da nova empresa.
Segundo ele, questões como estrutura da nova companhia, políticas de alocação de capital, vendas e remuneração de acionistas ainda não estão definidas e devem ser temas abordados na reunião do Conselho.
Mesmo assim, Oddone arriscou afirmar que “claramente dá para perceber que é uma companhia que tem capacidade de pagamento de dividendos, tem capacidade de crescer. Acho que é isso que a gente vai buscar”.
Resultados
No segundo trimestre de 2024, a Enauta registrou produção de 13,8 mil barris de óleo equivalente por dia, montante 11,5% inferior do que o mesmo período de 2023 e 45,9% menor que o do primeiro trimestre de 2024.
O resultado foi reflexo da parada de 27 dias na produção do FPSO Petrojarl, que atua em Atlanta, principal ativo da Enauta. O campo de Manati, na Bacia de Camamu, na Bahia, está em parada desde março de 2024 em função de decisão da operadora Petrobras. A retomada da operação, agora, deve ocorrer no terceiro trimestre de 2024.
Em Parque das Conchas, ativo que está em processo de aquisição pela Enauta na proporção de 23%, a produção média foi de 23 mil barris de óleo equivalente por dia, com queda em relação aos 30 mil barris de óleo equivalente por dia registrados no primeiro trimestre do ano. Do total produzido entre abril e junho, cerca de 5,4 mil barris de óleo devem ser atribuídos à Enauta dentro do consórcio. No segundo trimestre de 2023, a produção de Parque das Conchas a ser atribuída à Enauta foi de 7 mil barris de óleo equivalente por dia, e no primeiro trimestre de 2024 o montante foi de 6,4 mil barris de óleo equivalente por dia. A conclusão da aquisição está prevista para acontecer até setembro deste ano, após autorização dos órgãos reguladores.
Assim, toda a produção da Enauta no segundo trimestre de 2024 ocorreu em óleo e gás associado. Não houve produção de gás não-associado diante da parada em Manati.
A receita líquida da Enauta no segundo trimestre foi de R$ 554 milhões, 31,9% superior do que há um ano, mas 32,1% inferior do que no primeiro trimestre de 2024. Com isso, a companhia registrou prejuízo de R$ 219 milhões, revertendo lucro de R$ 41 milhões no segundo trimestre de 2023 e de R$ 209 milhões no primeiro trimestre de 2024.