A realização do primeiro leilão de gás da União deve ocorrer no último trimestre de 2025, segundo o diretor de Administração, Finanças e Comercialização da Pré-Sal Petróleo (PPSA), Samir Awad, e o superintendente de Comercialização da empresa, Guilherme França, durante o Fórum Técnico PPSA, nesta quinta-feira, 5 de dezembro.
A possibilidade de a PPSA oferecer o gás da União após o processamento se tornou viável em agosto, após resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que concedeu à estatal acesso às infraestruturas de processamento e escoamento de gás. Sem estes acessos, a PPSA só pode vender o gás “na boca do poço” para outras operadoras, o que reduz a possibilidade de compradores e tem preços menos interessantes para a estatal.
Apesar do aval para acessar as infraestruturas, o processo até que isto se concretize é complexo, disseram os executivos. “Nós temos que negociar o acesso aos sistemas de processamento e escoamento, e essa negociação está apenas começando”, disse Awad.
Em nota, Guilherme França declarou que é possível que, neste primeiro leilão, o processamento não seja feito diretamente pela PPSA. “São contratos complexos e estamos avaliando inclusive, a possibilidade de assinar o contrato e fazer uma cessão de direitos no processamento. O que for mais atrativo para a União”, explicou.
Segundo Awad, o prazo de dezembro é um acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME). “O compromisso que nós temos com o ministro [de Minas e Energia, Alexandre Silveira] é de até o final do ano que vem realizar o primeiro leilão de gás. É um objetivo, assim, ousado”, reconhece.
A estimativa é que a União disponha de até 1,3 milhão de metros cúbicos de gás natural para ofertar ao mercado até 2027. Estas estimativas não consideram o fator de rendimento das UPGNs, o que significa que parcela desse gás será transformada em GLP e líquidos. A produção é relativa aos contratos de partilha de Búzios, Sapinhoá, Sépia e Atapu, além da participação da União com área não contratada nos acordos de individualização da produção de Tupi e Atapu.
“A produção de gás é pequena. Estamos falando de 200 mil m³, 300 mil m³ por dia durante o ano que vem. No ano de 26, essa produção pode chegar a um milhão de m³ por dia, mas ainda assim, é um valor pequeno. A questão é o compromisso no Gás para Empregar de a gente promover um leilão e com isso ter um preço de mercado”, disse Awad.
Mesmo assim, ele reconhece que não será uma “receita extraordinária”, já que o gás natural não tem o mesmo valor de mercado que o petróleo. “Mas o importante é materializar esse primeiro passo. E aí passaremos a ter leilões, não com tanta frequência de petróleo”, adiantou.
A duração dos contratos neste primeiro leilão não está definida, podendo ser entre um e três anos. “Tudo isso é um exercício. O que existe de concreto é o compromisso de tentar de tudo para que a gente faça esse primeiro leilão”, disse Awad.
A PPSA avalia que a produção de gás natural da União poderá aumentar dos atuais 255 mil m³ por dia para 3,3 milhões de m³ por dia em 2031. Assim, de 2025 a 2034, os contratos do pré-sal terão uma produção acumulada de 48,5 bilhões de m³ de gás natural. Desse total, a parcela acumulada da União será de 7,7 bilhões de m³.
Leilão de 78 milhões de barris da União em junho de 2025
A PPSA vai leiloar 78 milhões barris de petróleo da União em novo leilão agendado para 25 de junho na B3, em São Paulo. Este será o quinto leilão de petróleo da União e irá oferecer ao mercado a produção da União nos campos de Mero, Búzios, Sépia, Itapu e Norte de Carcará. A publicação do edital deve ocorrer em março de 2025.
As informações serão anunciadas nesta quinta-feira, 5 de dezembro, mas foram adiantadas à imprensa.
No último leilão, realizado em julho de 2024, a PPSA ofereceu 37 milhões de barris e arrecadou R$ 17 bilhões. Apesar do expressivo aumento de 110% no volume oferecido no próximo leilão, são esperados valores mais baixos do brent de petróleo.
O maior volume de cargas virá do campo Mero: 51,5 milhões de barris a serem comercializados em 12 meses. O segundo maior lote é o de Norte de Carcará, que tem início de produção previsto para 2025 e que terá 12 milhões de barris da União oferecidos no prazo de 18 meses. Os lotes Itapu (6,5 milhões) e de Sépia (4,5 milhões) também serão de 18 meses e de Búzios (3,5 milhões), de 12 meses.
Os volumes são estimativas atuais da parcela de petróleo da União em 2025 e 2026 nestes campos, e poderão ser revistos até a publicação do edital para uma projeção mais refinada. Ao arrematar um lote, o comprador terá disponível todas as cargas nomeadas a partir de julho de 2025 ou janeiro de 2026, conforme o contrato, ainda que o montante total seja maior ou menor ao volume estipulado no edital.