Opinião da Comunidade

Luiz Antonio dos Santos Pinto escreve: Energia solar térmica é incluída pela primeira vez no BEN

Luiz Antonio dos Santos Pinto escreve: Energia solar térmica é incluída pela primeira vez no BEN

Por: Luiz Antonio dos Santos Pinto*

Pela primeira vez, o setor de energia solar térmica foi incluído no Balanço Energético Nacional (BEN), publicação anual da Empresa de Pesquisa Energética, que tem como finalidade apresentar a contabilização relativa à oferta e ao consumo de energia no Brasil. Para a Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol), a inclusão na edição de 2022, que tem 2021 como ano base, é considerada uma conquista das mais relevantes, uma vez que o documento, tido como uma referência para os dados de energia do País, é de suma importância para os estudos relacionados ao planejamento energético nacional.

Segundo o BEN, em 2021, a oferta interna de energia foi dividida entre fontes renováveis, com 44,7% de participação, e não renováveis, com 55,3%. Entre as renováveis, a biomassa de cana aparece com a maior fatia do mercado (16,4%), seguida por hidráulica (11,0%), lenha e carvão vegetal (8,7%) e outras renováveis (8,7%). A energia solar térmica foi incluída na categoria outras renováveis, com 3,6% de participação.

A conquista reflete o grande esforço de nosso setor e a paulatina conscientização dos brasileiros sobre os ganhos econômicos e ambientais do aquecimento solar. Em termos globais, o Brasil apresentou o segundo maior crescimento do mercado solar térmico em 2021, com 28%, atrás apenas da Itália (83%) e à frente de nações como os Estados Unidos (19%) e a Índia (16%).

Apesar do número expressivo, é preciso um maior incentivo por parte de órgãos governamentais a uma tecnologia que propicia grande economia no consumo de energia elétrica e de outras fontes de energia, como os combustíveis fósseis. O aquecimento solar de água precisa estar presente nos projetos habitacionais da União, estados e municípios, nos estabelecimentos comerciais, indústrias e no agronegócio, além das residências de diferentes tamanhos, e constar efetivamente dos planos nacionais do setor de energia.

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O potencial brasileiro é imenso, considerando que o País tem a presença da luz solar, com as maiores intensidades do mundo praticamente o ano inteiro, em todo o seu território, tecnologia própria avançada na área e um parque industrial com capacidade imediata para atender a um crescimento expressivo da demanda.

A capacidade instalada de 14,7 gigawatts (GW), com os 21 milhões de metros quadrados de aquecedor solar instalados nas últimas décadas até 2021, pode ser multiplicada por mais de 15 vezes se considerarmos o potencial para atender a todos os domicílios, estabelecimentos comerciais e industriais, como já ocorre em muitos países, gerando centenas de milhares de empregos – a atividade mantém atualmente 42 mil postos de trabalho no País, com o crescimento de 22% no ano de 2021.

Além disso, a tecnologia fortalece a cultura em favor do meio ambiente. Com o atual parque instalado, é possível evitar anualmente a emissão de mais de 4 milhões de toneladas de CO₂, com o potencial para chegar a mais de 60 milhões de toneladas de CO₂, o que reduziria em mais de 13% as emissões anuais e honraria o Acordo de Paris, de 2015.

Em resumo, trata-se de uma tecnologia que não expele resíduo algum, não tem custo operacional, baixos gastos com manutenção – os aquecedores solares têm vida útil de mais de 30 anos –, não faz barulho e ainda permite um payback rápido, fazendo com que o investimento realizado na compra seja pago entre um e três anos de uso.

*Luiz Antonio dos Santos Pinto é presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol)

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